Agosto, 2008. Os jornais confirmam o namoro de Lindsay Lohan (LL) com a DJ Samantha Ronson, irmã do músico Mark Ronson. O destaque, obviamente, é dado ao facto de esta ser uma relação “lésbica” de uma actriz heterossexual. Para assinalar o 22º aniversário de LL, a DJ oferece-lhe um anel com o valor simbólico de 22 mil dólares. A relação “especial” perde a exclusividade quando, uma semana depois, Courtenay Semel, filha de Terry Semel, CEO da Yahoo, insinua ter sido a primeira namorada de LL. A acusação queima: “Antes Lindsay Lohan tinha medo de ser vista como lésbica”.
Julho 2008. O canal de televisão americano E! confirma a intenção de incluir o pai de LL, Michael Lohan, na segunda temporada do reality show Living Lohan, cuja primeira série acompanhou o “espinhoso” dia-a-dia da mãe de LL, Dina Lohan, uma antiga dançarina Rockette e analista de Wall Street que agora gere a carreira da filha. A mãe só não consegue controlar os célebres impulsos de LL, que é fotografada pelos paparazzi sem roupa interior ou em poses menos sóbrias (LL saiu recentemente de uma clínica de desintoxicação mas ninguém sabe o que a “intoxicava” - se a boa vida se as más companhias).
As notícias trash sobre a vida, a obra e o círculo intelectual de LL já têm dez anos, acumulam-se desde 1998, quando LL era uma criança e repartia o protagonismo teen de Parent Trap (onde fazia o papel de duas irmãs que tentavam reunir os pais divorciados). LL começou na publicidade aos três anos de idade, uma coincidência que faz recordar a precocidade de Jodie Foster (Lohan diz-se fã de Foster e ambas são ruivas sardentas). A partir dos 17 anos, depois do sucesso de Mean Girls e Freaky Friday (com Jamie Lee Curtis), LL passou a ser símbolo sexual de uma geração empobrecida, com manchetes de primeira página e o inefável retrato da perdição bipolar da actriz.
Solar num dia de chuva, lunar numa tarde de sol, LL é uma mulher condenada à apoteose ou ao esquecimento, ela tanto pode ser trágica como Amy Winehouse ou ridícula como Macaulay Culkin. Num dia, são as imagens do sexo oral a Calum Best (filho de George Best); no outro, uma espectacular sessão fotográfica a fazer de Marilyn Monroe. Diagnóstico final? É provável que, desde 1998, com Parent Trap (o tal filme com as duas irmãs), tenha passado a haver duas Lindsay Lohans. E que jamais uma tenha sabido anular-se à outra. O maior problema foi que ambas decidiram expôr-se em simultâneo. Ora o mundo só está preparado para uma Lindsay Lohan. Infelizmente, por enquanto ainda só conhecemos a má.
(crónica do jornal Metro de 12 Setembro 2008)
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