sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Terminator Salvation: o princípio do fim


Poster animado para o regresso do Exterminador Implacável em Maio 2009 aqui. Chama-se Terminator Salvation, recupera Christian Bale, Helena Bonham Carter e Bryce Dallas Howard (a filha de Ron Howard). Apresentando ainda uma tal de Moon Bloodgood em exposição itinerante.

Lisboa: As Indecorações de Natal

Depois de um ano em que os paços e espaços da cidade serviram de montra à libertinagem criativa dos privados, seria natural que 2008 terminasse com a apoteose comercial que agora se vê em Lisboa.

Como se sabe, a autarquia este ano resolveu entregar a iluminação da cidade às "principais marcas de máquinas". No entanto, a exposição pública excede a minha previsão de há um mês, quando antevi Lisboa transformada em Las Vegas.

Não deixo de reconhecer que a inauguração da árvore de Natal da Zon, no topo do Parque Eduardo VII, serviu para "convencionalizar" a animação nocturna da zona (se eu disser que a intensidade da luz da árvore diminuiu a intenção dos actos lúbricos praticados nas sombras da vizinhaça, vocês percebem-me?).

De qualquer forma, parece-me obscena a forma abusiva como a TMN acampou as suas "tendas" publicitárias no Marquês de Pombal e na Praça do Comércio. A câmara pediu "iluminações de Natal", eles apresentaram "massificação comercial" em tons azul-bebé. A câmara pediu "elegância", eles confundiram com "ganância". São assim as indecorosas decorações de Natal na minha cidade.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Mumbai vs Bombaim


Quando a SIC noticia que "houve um atentado em Mumbai, na Índia" e a TVI depois diz que o atentado foi em "Bombaim, na Índia", é natural que o povo se sinta um pouco confundido. Será que houve dois ataques terroristas na Índia ao mesmo tempo?

Claro que a cidade de Mumbai (anglicizada pela SIC) é a Bombaim que sempre conhecemos em português corrente. De qualquer forma, para a maioria dos portugueses o verdadeiro atentado é na SportTV, que transmite o Sporting-Barcelona. Ainda não passou uma hora e os catalães já ganham por 3-0.

Actualização: o Sporting acabou de marcar um golo. Actualização: o Sporting fez mais um golo. Actualização: o Barcelona faz 4-2. Desisto...

Franz Ferdinand presents


Quando um homem não tem tempo para escrever deveria pelo menos arranjar um tempito para fazer uns bonecos. O meu boneco de hoje é a capa do novo álbum dos Franz Ferdinand, que sai em Janeiro de 2009.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Quem me amar irá de comboio


Uma das notícias de fim de semana refere que a CP decidiu dar o nome de Manoel de Oliveira a uma das carruagens do Alfa Pendular. Homenagem ou piada de mau gosto? Afinal, tanto os filmes do Oliveira como os trajectos do Alfa Pendular até Lisboa duram em média 3 horas.

Seja como for, é uma questão de tempo até a Marinha dar o nome de Soraia Chaves a um dos seus porta-aviões. Isto sim, é uma piada de mau gosto bem feita!

Volta, John Lennon. És o maior!

Li hoje no Metro (hoje só tive tempo para ler o Metro) que finalmente o Vaticano perdoou John Lennon por ele ter dito, há 40 anos, que os Beatles eram maiores que Deus.

40 anos para perdoar Lennon? Mais uns anitos e o beatle arriscava-se a ser beatificado. Mas acho curioso que o L'Osservatore Romano desdramatize a frase de Lennon dizendo que "ele estava apenas a exibir-se". A vaidade já não é pecado capital?

Infelizmente, até à hora do fecho deste edição, não nos foi possível falar com Deus.

sábado, 22 de novembro de 2008

Ao vivo no São Jorge.

Os Sean Riley & The Slowriders (o nome é uma brincadeira, eles são portugueses de Leiria) fizeram a primeira parte da Aimee Mann há ano e meio em Lisboa e desde essa altura tornaram-se um pequeno fenómeno (haverá fenómenos pequenos?).

No sábado, tocaram durante uma hora na sala 3 do São Jorge para meia dúzia de dedicados seguidores. À saída, a Rafaela Ribas, que tem nova empresa de agenciamento (chama-se Arthouse, mas deveria chamar-se The Lady Never Sleeps) apresentou-me o vocalista Afonso, que ainda se lembrava do espectáculo com a Aimee Mann. "Esse concerto foi um sucesso. A organização disse-me na altura que venderam muito pouca cerveja no bar do Coliseu".

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Poesia incompleta

Eu não sei o que é poesia, mas pode ser que nesta nova livraria descubra. Espero que a Poesia Incompleta, "a primeira livraria de poesia", situada entre o Príncipe Real e a Praça das Flores, dure mais do que a Byblos, a megalivraria lisboeta das Amoreiras que fechou as suas portas esta semana.

Em Portugal nós gostamos é daquelas coisas pequeninas, que não incomodam ninguém. Dizemos que é tudo muito portátil e muito giro, mas depois mandamos vir da Amazon. As coisas grandes são homúnculos ou moinhos de vento, é para destruir ou lançar petições. Quem vende livros só pode ser por amor, só pode ser poesia?

Terramoto em Lisboa


Com a “ironia” que se lhe reconhece (ou que reconhecem aqueles que ouviam as suas larachas quando ela fazia parte dos Gato Fedorento), a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, sugeriu que “seria bom haver seis meses sem democracia em Portugal”, alegando que essa seria a única forma de garantir a reforma da Justiça em Portugal.

Confesso que, nos dias de hoje, tenho mais dificuldades em imaginar ou reconhecer Portugal com seis meses de democracia do que sem democracia (esta não reconheço). Maior dificuldade será dispormos de seis meses para “arrumar” uma democracia que nos valha (eu preciso de muito mais para arrumar a minha cozinha).

Com ou sem polissemias, o que me parece censurável é o facto de Manuela Ferreira Leite não explicar a ironia até ao fim. Não há nada pior do que uma anedota mal contada. Afinal, quando ela diz “sem democracia” estará a propôr alguma alternativa política ao país? Aguardo a punchline.

A maioria das pessoas que viveu o Abril de 74 associa a falta de democracia à presença inevitável de uma força ideológica mais forte ou centralizada – a ditadura tradicional. Mas o fracasso da democracia poderá sempre convocar duas realidades distintas: a “arrumação” através da ditadura ou a “limpeza” através do caos. Ora o caos tanto pode surgir por dentro (basta um mandato catastrófico de Sócrates ou António Costa) ou por fora (um terramoto como o de 1755, por exemplo).


E assim, depois de 51 semanas em que o caos surgiu por dentro, este fim-de-semana ele surgirá por fora: é que a Protecção Civil “planeia” um terramoto para a área metropolitana de Lisboa. Trata-se apenas de um simulacro com exercícios de sexta a domingo em zonas sísmicas como o CCColombo, Hospital Santa Maria, Faculdade de Ciências, Prazeres, Campo das Cebolas, Cais das Colunas ou Torre da Galp na Expo (onde “haverá” uma fuga de gás e incêndio no domingo de manhã). Vai ser o caos e a Trindade? Nada que esta cidade não esteja já habituada. Basta haver um fim-de-semana livre de manifestações de professores ou gincana de Fórmula 1 e alguém tem de inventar um terramoto.

Não sei se Manuela Ferreira planeia marcar já para este fim-de-semana o início dos seus “seis meses sem democracia” (vai ser uma espécie de digressão de banda rock, com muitas drogas, groupies e plasmas atirados pelas janelas dos quartos de hotel). Se assim for, acredito que ela queira comparecer a dois dos hot spots onde o terramoto irá fazer brechas.


Um deles, no Banco de Portugal, com “evacuação” programada para esta manhã (consta que Vítor Constâncio não foi avisado a tempo de propósito). Outro em Alcântara-Mar, onde sábado à tarde se prevê a “queda de um viaduto”, bem perto do “epicentro” dos contentores do Porto de Lisboa, cujo animado debate tem sido feito à revelia do principal partido da oposição. Não é pelo facto das placas tectónicas se moverem que o PSD sai do lugar. Este país precisa de um Big Bang. Preferivelmente sem ser simulado.

(Jornal METRO de 21 de Novembro 2008)

O Planeta dos Macacos

Joana Vasconcelos processa Marcel Duchamp. E o Duchamp, fica-se? Acompanhamento diário no Planeta dos Macacos, o blog que caiu da árvore e (ao contrário da maçã de Newton) levantou-se. Vocações e provocações por Gertrudes A. da Cunha.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O meu acordo hortográfico

Palavra do dia: Simplósio.
Simpósio sem doutores ou engenheiros, só com gente simples, arraia miúda, hoi polloi e alguns No Name Boys também.

Cabaz de Natal: Mondovino, de Jonathan Nossiter



O sucesso do filme Mondovino, de Jonathan Nossiter, deu origem a um livro sobre o mesmo tema (a cultura e indústria do vinho pelo mundo), e Nossiter tem estado em Portugal a promover o lançamento do seu trabalho, prevendo-se um encontro com a afición na Bulhosa de Entrecampos (Lisboa) no próximo dia 27 de Novembro.

Como se espera, a pergunta da praxe que todos estão ansiosos por lançar deverá ser: "Por que raio Portugal nunca esteve incluído no roteiro de Mondovino quando até o Brasil esteve?". Nossiter, que vive no Brasil, tem uma semana para pensar numa forma airosa de evitar o assunto ou garantir a temperatura ambiente à discussão.

Eu acho que a posição do vinho português no mundo dá sempre um debate animado. Quem diz vinho, diz gastronomia. Conhecendo a incapacidade dos profissionais portugueses conseguirem ser idóneos em relação a essas matérias, gostava de começar por ouvir um estrangeiro desengajado falar sobre o "problema português". Por isso vou comprar e oferecer o livro.

Fome, de Steve McQueen

O filme sobre a greve de fome de Bobby Sands, em 1981, na Irlanda do Norte, ainda hoje devia inspirar muitos combates. Estreia dia 4 de Dezembro.

O Correio da Manhã

Cada vez que vejo os portugueses a rodear as bancas de jornais para ler as manchetes do dia (sem ter de comprar sequer um exemplar), pergunto-me: "Afinal, o que faz realmente vender um jornal?".

Tendo em conta que 900 mil portugueses viram ontem o jogo da bola pela TVI, deduzo que algumas centenas deles queiram conhecer os pormenores sórdidos do jogo na imprensa de hoje. Ora, só um dos três principais diários de Lisboa (o Correio da Manhã) dá notícia do Brasil 6x2 Portugal. Tudo o resto é paisagem.

Mas será isso suficiente para comprarmos o Correio da Manhã? Basta chegar à página 49 para me deixar de ilusões. O CM noticia algo sobre o "namoro com fim à vista" entre Javier Bardem e Penélope Cruz, mencionando que "Javier aceitou entrar no filme Amores Perros, Babel do mexicano Alejandro González Iñarritu, ficando afastado de Penélope".

Para arrumar de vez a questão, convém saber que o novo filme do realizador de Amores Perros (2000) e Babel (2006) chama-se Biutiful (2009). A informação está aí, à disposição do mundo, não precisa de código, password ou inteligência artificial.

Moral da história? Quando a qualidade é suspeita, não é o excesso de zelo e o atraso na hora de fecho que vai resolver o problema. Às vezes, menos é mais. E mais nada.

A nova selecção de Queiroz ou os No Name Boys?

O único que vemos a meter a cabeça de fora neste desastre sucessivo da selecção nacional (goleado 6-2 pelo Brasil) continua a ser o treinador Carlos Queiroz, que reconhece e admite todas as críticas que se lhe colocam.

É verdade que Queiroz sempre pecou por explicar demasiado os segredos da selecção nacional à imprensa e aos portugueses. Mas o problema, evidentemente, não é só esse. É que enquanto o treinador se expõe, os jogadores desaparecem, tornam-se anónimos. Será caso para passar a apelidar esta nova geração de futebolistas de No Name Boys?

Loja da Atalaia e Moda LX apresentam


Quem não conseguir ler o painel só precisa de saber que os habituais criadores da Moda Lisboa têm as suas colecções disponíveis para venda na Loja da Atalaia do Bairro Alto, a partir de hoje, dia 20, e até ao final do ano.

Wine Spectator: Quinta do Crasto no Top 3


Numa semana em que ando a correr atrás das enólogas portuguesas (Filipa Tomaz da Costa, Filipa Pato, Sandra Tavares da Silva e Joana Roque do Vale) para um trabalho a realizar para a Vogue, eis que a Quinta do Crasto consegue a proeza de ver um dos seus vinhos (o Douro Reserva de 2005) ser considerado o 3º melhor vinho de 2008 pela revista Wine Spectator (uma referência no meio). De quem é o mérito? Dos produtores Jorge e Leonor Roquette, e da enóloga Susana Esteban, galega de origem, mas há vários anos a trabalhar em Portugal. Parabéns ao vinho e à vinha, ao Crasto e à casta.

Brasil 6x2 Portugal

Ainda não acabou, mas para mim está terminado. Cada vez que os brasileiros avançam pela direita (ou seja, a nossa esquerda de Paulo Ferreira) é o pânico. Cada tiro cada melro e Quim não tem mãos a medir.

A ligeireza competitiva do jogo e o número de golos obtidos faz-me lembrar aqueles jogos demasiado amigáveis, tipo os Amigos de Kaká jogam contra os Amigos de Ronaldo, e o Michael Schumacher aproveita para fazer o gosto ao pé. Com a diferença que o Brasil levou isto a sério e o Queiroz continua a tomar notas (ou a fazer bonecos).

Não foi um jogo chato, mas levar meia-dúzia é sempre uma grande chatice. Nenhum país-irmão faz isso ao outro.

Brasil x Portugal: aqui e agora!

É meia noite, vai começar o "amigável" entre "países irmãos", em directo dos arredores de Brasília. Uma oportunidade única para sacar das "aspas" e dos "chavões". O espectáculo começou com os hinos: a Portuguesa cantada por uma artista local (não identifiquei), e o hino nacional do Brasil em insuportável extended mix. Um exagero de quase três minutos e meio. Depois do hino brasileiro, o árbitro mandou toda a gente para o intervalo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

The Killers: comércio justo ou à justa?


O novo álbum dos Killers, Day & Age, sai já na próxima 2ª feira (foi antecipado um dia, sai domingo). O single entretanto passa nas rádios, a capa circula pela net e a banda (ou a editora Island) tem conseguido evitar a pirataria desalmada, cortando todos os acessos ao download grátis e ilegal.

Todos? Não. A partir de hoje, e com alguma pesquisa astuta, já é possível sacar o disco à borla. É tudo uma questão de ideologia: tenho amigos que se recusam a fazê-lo, não conversam sequer sobre o assunto. Respeito-os. Mas também gostaria de conhecer a realidade dos piratas.

Por isso, lanço a questão: quanto dariam vocês pelo novo disco dos Killers se, tal como sucedeu há um ano com os Radiohead, pudessem estabelecer um preço justo para ele (isto inclui zero euros, claro)?

O meu acordo hortográfico

Palavra do dia: "gulodisse".
Dizer palavras doces, mas com alguma ironia. Tipo Manuela Ferreira Leite a falar do autoritarismo do governo. O contrário de dar manteiga.

Eva Amurri: a filha de Susan Sarandon sai à mãe


Eva Amurri tinha apenas três anos quando pela primeira vez apareceu nua na imprensa: o famigerado Robert Mapplethorpe fotografou-a em “trajes menores” em 1988 (sozinha e com a mãe, Susan Sarandon) e ainda hoje os retratos (e a sua mãe) são considerados arte. Com 23 anos, Eva já tem um longo passado à sua frente. Estará à altura do património ou segue para matrimónio?

Kate Winslet, na Vanity Fair

O problema de se escrever muito, talvez demasiado, é que se passa a ler menos, exageradamente pouco. E como tenho andado aqui fechado, nem tinha reparado na última edição da Vanity Fair com Kate Winslet a fazer de Catherine Deneuve. É caso para dizer: Deneuve não teria ficado melhor.

2012, de Roland Emmerich

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Estrela da Amadora


Imaginemos uma situação altamente improvável: o Benfica deixava de pagar os salários aos seus jogadores. Atrasava um mês, depois o presidente prometia pagar tudo até ao final da semana, mas não conseguia cumprir a sua honra. Ficaria tudo como dantes?

Entretanto o treinador, em protesto, batia com a porta, ia à sua vida. O clube sem dinheiro continuava a participar nas competições oficiais. Os jogadores, esses, desapoiados e desguarnecidos, faziam a única coisa que sabem e podem fazer: jogar.

Imaginemos essa situação improvável num país civilizado. Se o Aimar, se o Reyes, se o Cardozo não recebessem salários, o país parava. O presidente falhava as promessas? Algum banco se chegaria à frente para resolver a crise do Benfica. O Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, haveria decerto de interromper as suas férias antecipadas (isto é ficção, não me levem muito a sério) para solucionar a questão "antes do Natal". Seria, citando as manchetes de jornais fictícios, "uma pouca vergonha!".

Como se sabe, não é o Benfica que tem salários em atraso, é o modesto Estrela da Amadora. Os jogadores não são pagos, e alguém faz alguma coisa por eles? Interromper campeonato em protesto, punir o clube, denunciar tudo à UEFA? Nada. Neste país sem nome discute-se os No Name Boys...

Este ano vamos à Molvânia!


Sabe aquele género de pessoas que raramente se diverte nas viagens mas que depois aparece com histórias mirabolantes e divertidíssimas sobre os novos destinos que conheceu? Agora, você também pode impressioná-las. Como? Diga que vai viajar para um país que, pura e simplesmente, não existe.

Imagine estes dois casos: Molvânia, na Europa alpina, e Phaic Tan, na Indochina. Nenhum dos países existe realmente, mas qualquer um deles tem disponível guias de viagens com informação essencial e detalhada sobre a História, geografia, língua, gastronomia, costumes, turismo e as canções desqualificadas do Eurofestival da Canção. Confira tudo no site respectivo.


MOLVÂNIA
História: em 721 AC, o primeiro Príncipe da Molvânia conquistou a Prússia, a Alemanha e a Escandinávia aos 12 anos. O império durou apenas umas semanas. O miúdo já morreu mas vive para sempre.
Língua: o molvano tem quatro géneros - masculino, feminino, neutro e um género especial para dar nome aos queijos.
Desporto: o Estádio de Lutenblag foi construído para organizar o Mundial de Futebol de 1994. Hoje, o principal atractivo são os enforcamentos públicos.
Gastronomia: consta que o magnata da beterraba transgénica verde, Jerko Guglob III, vai comprar o Leeds United.

PHAIC TAN
História: sempre foi um país associado a violência, pobreza e um abuso nos preços do duty free. Agora, só os senhorios têm acesso à tortura.
Geografia: dizem que a praia de Zou Kow Bow tem a areia mais branca do planeta. Uma coincidência rara do aquecimento global com um acidente envolvendo um camião que transportava lexívia.
Desporto: apesar de ter o maior índice de amputados do mundo, nunca ganhou uma medalha nos Jogos Paralímpicos.
Turismo: a hotelaria garante despedimentos diários de pessoal para assegurar a frescura nos serviços.
Gastronomia: alguns cães ainda têm raiva. Evite comê-los.

OS OUTROS
Se pensa que o mundo se esgota na sua esquina, está muito enganado. Não estará interessado em viajar para outros países remotos?

Pfaffland
Um remoto território sub-ártico que mistura a sauna com a fauna. Tem sol da meia noite e do meio dia, 365 dias por ano. À tarde também.

Costa del Porn
Enclave ibérico composto exclusivamente por hotéis, pubs ingleses e música lounge. Muito remoto.

Gastronesia
Arquipélago remoto, algures ali pelo sudeste asiático. Parece que as pessoas confundem Ásia com azia: o excessivo tempero da gastronomia local leva a que a maioria dos visitantes morra afogada no seu suor.

Sherpastan
Remoto reino montanhoso, entre a antiga União Soviética e a Nova Zelândia. Dizem que é de prender a respiração (para sempre)

San Sombrero
Antigo protectorado espanhol, cuja capital é Cucaracha City. Tal como Lisboa, tem muitas baratas. A comida não é cara nem remota.

Takki Tikki
Ilha francófona do Pacífico sul, ideal para amantes de sol, antigos cientistas nucleares e tartarugas malhadas. O melhor cartão de visita é o facto de Gauguin não ter pintado aí nenhum dos seus remotos quadros.

Bongoswana
Antiga colónia belga, situada na parte mais remota do Mapa Cor de Rosa, em África. A capital é Coup d’État. Pelo menos era, até ontem.

Ilhas Tofu
Duas ilhas absolutamente iguais no arquipélago de Seitan. Ideal para mergulhadores, principalmente os que saibam boiar. De todo o mundo convergem caçadores de ostras vegetarianas, à procura de pérolas de plástico. A maioria parte deles não volta à superfície.

Moustachistan
Antiga República soviética onde todos os homens têm bigodes, incluíndo as mulheres. Mantém rivalidade ancestral com o remoto Estado de Kalashnikov, mas os acordos de paz recentes permitiram desarmar ambas as nações. Agora, o exército só utiliza fisgas.

Robert McKee: eu fui!


Pedi a testemunhas oculares que me relatassem alguns dos pormenores sórdidos sobre o seminário-foguete Story, de Robert McKee, realizado no passado fim de semana em Lisboa (ao qual eu não estive presente). O Nuno Noivo foi um dos que se prontificou a responder. Agradeço sobejamente o seu post.

"“Já mudei a minha curta toda na cabeça!” dizia um rapaz a um amigo, enquanto acendia o cigarro na passada exacta do interior para o exterior do edifício, num dos intervalos do Dia 1. “Isto é horrível! Escrever é o meu trabalho e agora tenho a sensação que o faço mal.” Foram mais ou menos estas as palavras que ouvi, num dos intervalos do Dia 3, o último. O primeiro testemunho ilustra a epifania espelhada nalguns rostos durante e depois do curso. O segundo, uma consciencialização mais profissional da importância daqueles três intensivos dias. Ambos asseguram para o futuro, mais esperança e maior qualificação.


"Sem cair no exagero dos supracitados, compreensível pela qualidade e quantidade do que se aprendeu, a conclusão básica que posso retirar é de que devia ter feito o Story há mais tempo. Digamos que o custo de oportunidade do período iniciado nesse “há mais tempo” e que terminou neste fim-de-semana, é irremediavelmente grande.

"Então o que há de tão especial em Mckee que leva a que argumentistas, jornalistas, criativos, técnicos, realizadores, actores e curiosos se juntem num auditório? É simples: that creep fuckin’ knows it.

"São três dias com um horário rígido das 9h às 20h30 a ouvir alguém que realmente sabe e consegue passar todo esse conhecimento com uma impressionante eficiência, apesar de alguns laivos de cretinice.

“O sucesso do curso ao longo de mais de duas décadas está sem dúvida no conteúdo, na forma como está estruturado e no dom de comunicação de Mckee ([o realizador Spike] Jonze acertou em cheio, porque de perfil parece mesmo que temos o Brian Cox no palco). E esqueçam Hollywood e o cinema de autor, aqui estamos a falar de storytelling, ideias, narrativa e disciplina. No compromisso e na capacidade de contarmos uma história. Não é uma fórmula, diz ele, será mais uma coluna vertebral, digo eu.

"Agora resta esperar para vermos o resultado prático em Portugal, sem dúvida mais complicado na indústria cinematográfica, por defeito, do que na ficção televisiva e na publicidade. Já estou a imaginar os membros do júri do ICA num dos próximos “concursos” de mãos na cabeça, indignados com a lata desta gente desconhecida a concorrer com argumentos com cabeça, tronco e membros. A ordem não terá que ser necessariamente esta.

"Parece que o McKee a semana passada viu o Call Girl, o Meu Querido Mês de Agosto, o Juventude em Marcha e o Alice, o único que o terá impressionado, sem ser pela negativa. Com as constantes referências elogiosas ao filme, talvez o Nuno Lopes tenha saído do Seminário mais feliz do que se confessou há dias num semanário".

Obrigado, Nuno.

O novo VW Scirocco em Lisboa

Belíssimo filme de publicidade para o novo Volkswagen Scirocco realizado em Lisboa. É engraçado pelo debate que também poderá colocar: afinal, em vez do cliché da cidade de natureza luminosa, Lisboa é filmada como se fosse um policial na Cornualha (é uma forma da VW se vingar dos políticos portugueses que, durante anos, dificultaram a localização da Autoeuropa nos sinais de trânsito das estradas a caminho de Palmela).

Também acho curioso o facto de se tratar de um automóvel cujo nome é um vento que invade Veneza (nós temos o Zéfiro). Mas pelo menos não se vêem os contentores...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Derby da semana: Sousa Tavares vs Sá Fernandes

Neste momento, discute-se os contentores de Alcântara no Prós e Contras da RTP1. Miguel Sousa Tavares é contra, Sá Fernandes é a favor. Sousa Tavares faz de good cop, Sá Fernandes de bad cop. Enquanto Sousa Tavares rosna, Sá Fernandes aguça as unhas.

Quando o público aplaude o "bonzinho", Sá Fernandes deixa de se ouvir, e depois a sua explicação soa a demagogia. Para todos aqueles que pensaram que ele poderia ser uma espécie de cavalo de Tróia na Câmara Municipal, assistir a este debate torna-se penoso. O nosso homem do Bloco parece orgulhosamente Sá.

Custa-me imenso aderir à unanimidade, mas a razão estará sempre do lado de Sousa Tavares: esta cidade não quer contentores em Alcântara. Infelizmente ainda ninguém parou para pensar no custo que seria uma cidade sem zona portuária. Lisboa seria outra - e nós também.

Antena 2: Vias de Facto

O meu irmão Paulo Somsen tem uma hora de airplay de grande qualidade na transição de domingo para 2ª feira, na Antena 2, mas como eu estou sempre a ver o Domingo Desportivo a essa hora só consigo fazer streaming da emissão de rádio no dia seguinte. Ao contrário do que se pensa, a hora zero da semana tem mais valor do que se pensa.

Os 100 Melhores Restaurantes de 2008?


Não sei qual a política da revista Sábado em relação aos seus suplementos ocasionais, como é o caso do Guia do 100 Melhores Restaurantes de 2008, oferecido com a edição da semana passada. Mas gostaria de pensar que a oferta do suculento fascículo ("revista para guardar", dizem eles) não morre com a edição da revista que sairá esta semana.

De qualquer forma, e contando com o pior, creio que seria urgente apanhar a Sábado na rua AGORA e guardar o Guia dos Restaurantes para consumo natalício em lume brando. Trata-se de um trabalho exemplar (de João Gobern, Edgardo Pacheco, Nuno Pires e Fernando Melo) que reune os melhores restaurantes do país em dez categorias particulares: carne vaca, carne porco, peixe, caça, marisco, japonês, italiano, saladas, sobremesas e vinhos.

Há um ano, no Corta Fitas, o Pedro Correia fez de mau da fita, publicando um post sobre algumas das inevitáveis lacunas da edição do Guia dos Melhores Restaurantes 2007. Este ano, e caso ninguém se ofereça, eu poderei ser o algoz. Nada de pânico, não tenho muito a acrescentar. Mas, se eu mandasse na edição 2008 (um dia...), nunca deixaria sair para a rua um guia sem os links para os sites dos restaurantes destacados. Falha grave.

Também nunca deixaria de fora categorias como "vegetariano" ou "ambiente", e restaurantes como o Bocca e o Luca. Bem sei, talvez o "ambiente" esteja, como diria George W. Bush, "misunderestimated". Mas continua a ser, para mim, uma das primeiras razões para visitar um restaurante. A segunda razão, a partir de agora, passa a ser: "E vocês aparecem no Guia da Sábado?".

Volta ao Mundo: Especial Aniversário

Já está à venda o último "volume" da revista Volta ao Mundo, edição especial de aniversário. A capa (como a revista) é multidimensional. Mas uma vez que a Volta ao Mundo ainda não tem página na internet, teremos de ser nós a recriar a sua second life por aqui. Parabéns a todos os que fizeram a revista sair do lugar sem nunca repetir o mesmo caminho.

domingo, 16 de novembro de 2008

Directo RTP1: Sporting 0-1 Leixões


Depois do golo do Leixões em Alvalade, aos 66 minutos, a emissão da RTP1 nunca mais voltou a ser a mesma. O verde passou a negro, ficou a ouvir-se os comentários, depois passou para esta espécie de mira técnica, com os minutos a correrem e já sem som, finalmente voltaram as imagens sem som e também sem golos do Sporting, que perdeu o jogo em casa. Estes bebés de Matosinhos têm a escola toda!

sábado, 15 de novembro de 2008

SIC: Episódio Especial


Não compreendo esta mania da SIC em fazer programas especiais sobre... os seus próprios programas. Há 20 anos, quando a RTP apresentava o Cartaz TV e antecipava a sua programação, a coisa até fazia algum sentido. Tratava-se de promover o canal.

Mas o que a SIC faz agora, num espaço chamado Espisódio Especial, não é antecipar a sua programação, é recuperar as histórias da sua ficção nacional (duas novelas nacionais, algumas brasileiras) explicando os seus dramas ficcionados com reportagens aos actores e intervenientes nos bastidores. Ou seja, a SIC retira a ficção da ficção e convida-a a visitar a realidade, hipotecando todos aqueles que, por opção própria, aderiram à sua programação... ficcionada.

A ficção (ou fixação) desta semana era o beijo "lésbico" de Diana Chaves e Ana Guiomar para a novela Podia Acabar o Mundo. Talvez tenha sido muito bonito na novela, mas a SIC preferiu transformá-lo num acontecimento. Porque não deixar a ficção viver por si? Por que razão explicar tudo? A SIC ao fim de semana trata de eliminar o mistério da ficção criada durante a semana. Quando é precisamente o contrário daquilo que um fim de semana (ou a SIC) deveriam servir para fazer...

Robert McKee em Lisboa



Uma amiga minha foi assistir ao seminário do guru de argumentismo em Lisboa e a única coisa que me enviou foram estas fotografias...


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Rui Reininho: antes a solo (do que mal acompanhado)

Sempre achei que o futuro para a carreira de Rui Reininho estaria nas mãos de Armando Teixeira (Balla, Bulllet). Há anos que se percebia a divisão ideológica dentro dos GNR, com Reininho a propôr uma via mais melódica e performática, do género Popless, que os restantes membros não conseguiam garantir ou encaixar.

A sorte de Reininho foi ter caído nas graças de Armando Teixeira, que tem uma espécie de toque de Midas da pop, transformando em luxo aquilo que originariamente poderia ser lixo.

Segundo o Diário de Notícias de hoje, o novo álbum de Reininho chama-se Companhia da Índias, sai a 2 de Dezembro, e tem ainda as colaborações de Rodrigo Leão, Paulo Furtado, Margarida Pinto (Coldfinger), João Pedro Coimbra (Mesa) e Alexandre Soares (um dos originais dos GNR). A mim parecem-me talvez "especiarias" a mais, mas o Natal quer-se assim, doce e condimentado.

Aimee Mann: em Portugal e no mundo


O Nuno Figueiredo e eu partilhamos obsessão por Aimee Mann: ambos sabemos o quão irrelevantes eram os Til Tuesday nos anos 80 e o bem que fez à Aimee Mann ter conseguido criar uma carreira a solo. O filme Magnolia e a publicidade nacional ao tema Wise Up, ambos conseguidos à custa do extraordinário álbum Bachelor nº 1, fizeram o resto. A última digressão de Aimee Mann passou novamente por Portugal, onde a banda criou mais um episódio para o vlog de campanha.

Uma boa desculpa para recuperar a espantosa cena de abertura de Magnolia.




Brasil x Portugal: Quaresma de fora


Quaresma não tem lugar na selecção? Eu acho que Quaresma não tem lugar em lado algum, excepto talvez nos ballets russes ou no cirque du soleil. A habilidade e meia dúzia de trivelas podem resolver alguns derbys e até garantem a emigração esperada para Itália. Mas pelos vistos não chegam para a selecção de Queiroz (que o deixou de fora na convocatória para o amigável Brasil x Portugal, quarta feira à meia noite na TVI).

O Diário de Notícias escreve em manchete que o "culpado" pela saída de Quaresma da selecção foi César Peixoto, em topo de forma num Braga irregularíssimo. É a sua primeira chamada à selecção A. Outra surpresa: o regresso de Tiago, que fez um bom jogo pela Juventus na semana passada (depois de imensos horríveis). Alguém tem visto o que Tiago anda a fazer? Só se for pela SportTV. Eu sei que o Tiago joga numa posição de meio-campo que pode ser considerada como "invisível". Mas isso não justifica uma carreira tão low profile e entediante como a sua.

A última novidade da selecção chama-se Rolando, o defesa central que (enquanto jogava no Belenenses, e mesmo marcando golos ao FC Porto) todos pensavam ser brasileiro. Agora ao serviço dos dragões, passa a ser internacional. Eu acho que ele é um dos melhores em Portugal, mesmo quando jogava na equipa "invisível" do Belenenses. No fundo é tudo uma questão de olheiros e respectivas perspectivas.

?


Hoje à noite no Lux, em Lisboa, vai haver uma baile de máscaras. O simpático convite enviado pela discoteca para o seu público selecto (isto é: eu) apresenta um enorme ponto de interrogação vermelho sobre fundo preto. Na outra face do convite, o rosto denunciador dos factos e respectiva ficção: “Quem és tu? Quem gostavas de ser? Que fantasia vestirias para este momento? Inventa um personagem”.

Uma vez que não conto estar presente no baile, deixei indicações ao mestre de cerimónias do Lux para consentir a entrada a todos aqueles que se apresentem disfarçados de “miguel somsen” à porta. A liberdade da criação é vossa. Devo no entanto avisar-vos que, apesar da minha beleza apolínea e sensual linguagem de corpo, estou neste momento transformado num tipo amargo, cínico, cabisbaixo e rancoroso. Logo, pouco dado a festas. Sendo assim, bastará chegar à porta em avançado estado de pessimismo para ser convidado pelo porteiro a entrar.

Mas que azia é esta? Eu próprio não sei. Em menos de 72 horas, tive duas razões para celebrar: a minha filha completou o seu primeiro ano de vida e, dois dias depois, Barack Obama foi eleito presidente da América e do mundo livre. Gosto desta terminologia orgânica que nos leva a acreditar num novo presidente americano capaz de suportar o fardo, não só da “América” como do “mundo livre” (ou o que resta dele). Mas alguém foi livre antes de Obama? Com a histeria que entretanto se viu, seria de pensar que não.


Na verdade, olhamos para os oito anos da administração Bush como um agrilhoamento submisso, a Europa sujeita aos caprichos de um homem medíocre e monossilábico, e isso impediu-nos de olhar ao espelho para constatar a nossa esquálida figura sob a sombra de Bush. Será preciso um político negro para nos libertar da “escravatura” a que nos fomos sujeitando em tempos de abundância?

É ridículo que seja Obama a recuperar nos europeus a estúpida responsabilidade ancestral que é herdeira do “fardo do homem branco”, uma espécie de máscara que a tradição imperial nos obrigou a usar em nome da honra, da conquista e das fronteiras. Mas é um risco que o mundo corre, o de inesperadamente a Europa voltar a ter as suas responsabilidades. É como se Bush nos tivesse saqueado a alma e agora, em tempos de paz, seja obrigado a devolvê-la, como uma peça de arte roubada durante a guerra.

E a partir de agora, como é: seremos todos Obamas? A mim basta-me pensar que agora passa a haver uma alternativa à actividade ideológica mais banal e mundana da última década – que é ser anti-Bush e, por consequência, anti-americano. O que Obama não conseguir garantir, espero que a minha filha obtenha por ela própria. A bem da humanidade, da nossa humildade - e do meu estômago.

(Crónica do METRO de 14 de Novembro 2008)

Frase do dia

"Now that Barack Obama has been elected president, producers in Hollywood say they think America is now ready for a black James Bond and a black Wonder Woman. Isn't that cool? Yeah, hell, America may even be ready for a black Michael Jackson." (Conan O'Brien)

Estoril Film Festival 08


Há um ano, a estreia do Estoril Film Festival (para os leigos, é o Festival de Paulo Branco) não teve o sucesso que tanto se esperava. Fui a meia dúzia de sessões de grandes ante-estreias no Casino Estoril que tinham apenas meia-casa de público. Cronenberg, DePalma, e ninguém quer ver? Consta-me que as salas comerciais de Cascais, onde pude ver o filme de Coppola, Youth Without Youth, tiveram melhor receptividade. Conclusão? Casino de Estoril vazio, cinemas em Cascais cheios. Isso, creio eu, diz tudo. Será que a organização apanhou a mensagem?

Hoje, a edição 2008 do Festival de Cinema do Estoril tem a sua gala de abertura no Casino. Ainda ontem, foi confirmada a presença à última da hora de Bernardo Bertolucci, o que é notável, tendo em conta o estado de saúde do realizador italiano. Michael Pitt e Louis Garrel, a dupla amorosa de The Dreamers (de Bertolucci), também visitam o Estoril. Mais nomes? "Stephen Frears, Valeria Bruni-Tedeschi, Catherine Deneuve, Paul Auster, J.M. Coetzee, Mathieu Amalric, François-Marie Banier, entre muitas outras novidades".

Não se pode ser indiferente a um festival de cinema tão bem composto como este. A programação é excelente, serão exibidas ante-estreias de Vicky Cristina Barcelona (Woody Allen), Rachel Getting Married (Jonathan Demme), Four Nights With Anna (Jerzy Skolimowski) ou Hurt Locker (Kathryn Bigelow). E o Festival mostrou ainda uma genica suplementar ao garantir homenagem de carreira a Paul Newman.

O que poderá faltar? Público. De um ano para o outro nada na comunicação do Festival do Estoril mudou. E, mais uma vez, a imagem projectada cá para fora é a de que se trata de um "festival de estrelas" e não de acesso público. Não se pode dissociar a actividade cultural da Câmara de Cascais e Casino Estoril (sponsors do festival) à Moda Lisboa, que, como toda a gente sabe, não é aberta ao público. Por isso, é inevitável que o espectador corra para as salas comerciais onde os filmes do Festival do Estoril irão ser exibidos, em vez de garantir dinâmica às salas do Casino Estoril, onde o festival se concentra. O espectador médio não se imagina a partilhar espaço com as grandes estrelas de cinema que vêm ao Estoril. E pelos vistos, mais uma vez, o próprio Festival também não assistirá a esse cruzamento de culturas.

Uma nota final para o site, que está cheio de erros e não tem uma única imagem que a imprensa (e os bloggers) possam utilizar. A alternativa vídeo do Festival do Estoril está nos blogs da sapo. Consultem.

Assalto ao McDonald's!

É enorme a dimensão da crise e isso vê-se nos actos tresloucados de cidadãos normais. Ontem à noite em Palmela, imagine-se, até o McDonald's, que vende hamburgers a um euro, foi alvo de assalto por "quatro encapuzados", assinala a imprensa matinal de hoje.

Será que assaltar um McDonald's é bom para currículo? Evidentemente, um pilha galinhas só pode ambicionar McChicken. Mas a acção também pode ter tido intenção de represália contra o facto de sistematicamente os balcões da McDonald's nos cobrarem pela maionese. Isso, sim, é um roubo!

Quadratura do Círculo Vs O Corredor do Poder



Quinta feira à noite. A SIC Notícias emite a Quadratura do Círculo com António Costa, Presidente da Câmara de Lisboa. Do outro lado, a RTP transmite o Corredor do Poder com Marcos Perestrello, vice-Presidente da Câmara de Lisboa. Dois pelo preço de um.

Não fosse a emissão da SIC Notícias ter sido gravada, iríamos pensar que a Câmara ficava vazia numa quinta feira à noite. Felizmente eles têm tudo tratado: quando o Marcos Perestrello está a sair da Praça do Município para a RTP já o António Costa, que gravou para a SIC, está a chegar. "Podes ir, eu lavo a loiça".

De qualquer forma, não vejo razões para dois autarcas lisboetas estarem em simultâneo em canais diferentes de televisão. Especialmente se estiverem, como estavam, a falar praticamente do mesmo: o António Costa da manifestação dos professores, o Marcos Perestrello dos Morangos com Açúcar.


Há algo de verdadeiramente bizarro no juvenil Corredor do Poder que, com o avançar do tempo, se torna caricatural. Um programa apresentado pela Sandra Sousa, com personagens que parecem a Heidi ou o Nuno Markl (desenhado pelo Nuno Markl), só pode ser visto de forma ligeira e descomprometida.

Também me parece curioso o programa não identificar as cores partidárias dos cinco representantes em questão. Deve ser uma forma de infotainment, um jogo em que se obriga o espectador a advinhar os partidos pelo tom do discurso ou sua crispação. Pessoalmente, vejo sempre tudo sem som. Percebo logo quem é o "tio" do PP e que o tipo vestido com um pólo da Decathlon só pode ser do Bloco de Esquerda.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Manchete do New York Times


O entusiasmo da eleição de Obama leva a estas loucuras: na quarta feira, o habitualmente sorumbático New York Times lançou para as ruas uma edição falsa com uma primeira página anunciando, entre muitas outras, o fim da Guerra do Iraque, o pedido de desculpas de Condoleezza Rice à nação e a notícia mais desejada pelo mundo civilizado: George W. Bush acusado de alta traição. "Edição Especial", gritava o jornaleiro nas ruas de Manhattan. "Todas as notícias que gostaríamos de imprimir!".

A penúltima página da internet


As sinceras desculpas aos meus leitores pela falta de actualização e de posts no blog. Esta semana, decidi perder um pouco mais de tempo a assegurar que esta não se tornava a última página da internet, uma espécie de beco sem saída em que se batia com o nariz na parede e voltava para trás.

Por isso estive e tenho estado a trabalhar um pouco a sua hipertextualização, os links que nos levam daqui para ali fora. Pretendo deste modo garantir algum serviço público ao nosso vício privado, remetendo atalhos para blogs de qualidade, amigos que escrevem o que precisa de ser dito, não esquecendo a vida mundana dos melhores restaurantes da capital (estou a preparar uma lista decente sobre o Porto), as bandas revelação do momento e até, se me for permitido por lei (não é), os links para download pirata de discos, filmes e séries de televisão.

Em suma, um quarto com vista.

Cut Copy no Lux

Hoje no Lux, Cut Copy, um dos acontecimentos musicais do ano. E eu não arranjei bilhetes. Ora bolas. Mas enviei emissários para me descreverem o espectáculo em directo para esta torre de controlo.

Frase do dia

"If the global crisis continues, by the end of the year only two banks will be operational: the Blood Bank and the Sperm Bank! Then these 2 banks will merge and it will be called The Bloody Fucking Bank".

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A Fernanda Serrano


Vergonhosas as calúnias de várias revistas ditas cor-de-rosa contra a actriz Fernanda Serrano e os negócios do marido Pedro Miguel Ramos, nas últimas semanas. O que não impediu a actriz de reunir ontem a imprensa para comunicar a sua vitória na luta contra o cancro.

A acção generosa e calculada de Fernanda Serrano poderá ter os efeitos pretendidos: esclarecer as dúvidas sobre o seu estado de saúde de uma vez por todas. Mas esclarecer a quem, àqueles que fazem a gestão especulativa da informação íntima? É um faca de dois gumes a Fernanda Serrano oferecer assim o seu coração aos predadores. Pode ser que os entretenha. A mim dá-me a entender que a luta dela só agora vai começar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fafe 1-0 Ministra da Educação


Primeiro foram os milhares de professores em Lisboa a pedir a cabeça de Maria de Lurdes Rodrigues. Agora são as centenas de alunos em Fafe a rejeitar a Ministra da Educação, que visitava a cidade minhota para entregar diplomas no âmbito do programa Novas Oportunidades.

Para os alunos, a oportunidade também foi única para receberem a ministra com um saraivada de apupos e devido arremesso de ovos. Segundo o noticiário da Antena 2, "os ovos foram apreendidos pelas autoridades". O que me leva a pensar que ministra deva passar a fazer-se acompanhar da ASAE, autoridade mais do que competente para saber da qualidade dos ovos arremessados (e apreendidos).

Afinal, não se fazem novas oportunidades sem ovos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Jardim da Estrela


A esplanada? Fechada.



A geladaria patrocinada? Fechada.



O quiosque tradicional? Fechado.

É esta a intensa actividade comercial do Jardim da Estrela numa bela tarde de sol de fim de semana. Não há gelados, cafés, bolinhos, nenhum entretém de gosto ou amuse bouche que nos alivie a alma arrefecida pela desilusão do fim de Verão. O parque está cheio de crianças entretidas e pais respectivos, mas ninguém trouxe lancheira para compensar esta distracção da freguesia (ou junta de freguesia). Desolador.

Taça de Portugal: Sporting 1-1 FC Porto (4-5 em penalties)

Sensacional e "bom de bola" o jogo em Alvalade: o Sporting dominou a primeira parte, em que saiu a ganhar (Liedson nas alturas), o FC Porto ficou com a segunda, quando empatou (Hulk transformou o jogo).

O chamado "domínio repartido" escondeu os habituais desequilíbrios de equipas que não convencem (mas que são exemplares a esconder essas deficiências): o domínio inicial do Sporting foi resultado de falhas sucessivas do FCPorto, que arrumou a equipa para a segunda parte, quando o Sporting decidiu entregar o oiro ao bandido.

Dois golos, três expulsões, 265 cartões amarelos, um prolongamento e a decisão para os penalties transformaram o Sporting x FC Porto num dramalhão emotivo, com lágrimas e suspiros, uma soirée inesperada de quase três horas de duração. Terminou tudo antes da manhã do dia em que os portugueses regressam ao trabalho (e ao trabalho regressarão tarde, com valente ressaca).

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Bloomframe: a nova Casa dos Bicos


Acho a ideia tão inacreditavelmente fantástica que me apetece publicar a foto e título de Bloomframe apenas para passar a acreditar: trata-se de uma janela modular adaptada ao edifício que se transforma em varanda conforme os desígnios do tempo, os humores da frequência e a habitual má rede dos telemóveis. Não, ainda não se pode encomendar na Amazon ou pedir na FNAC.

Mais em http://www.bloomframe.com/

Black is the new Black


Pronto, tinha de começar o disparate. Agora só falta dizer que com a eleição de Obama deixa de haver "branqueamento de capitais"...

W., de Oliver Stone: comédia ou drama?


O Correio da Manhã de hoje refere que a Lionsgate, produtora de W., pretende enviar o filme de Oliver Stone para concorrer aos Globos de Ouro - mas na categoria de comédia e não de drama. É a única saída airosa para premiar um filme que é tão pouco comédia como é drama. Só o facto da Lionsgate propôr o filme para concorrer a uma "categoria" (sendo que categoria é coisa que o filme não tem), parece-me um absurdo.

Chega de bater no ceguinho: basta dizer que o verdadeiro Bush teria sempre muito mais piada que um filme cómico, ou levemente irónico sobre a sua vida. E que, portanto, a única saída de Oliver Stone seria fazer de W. um drama, coisa que ele não fez, não soube fazer ou (eis a minha escolha) não quis fazer. O que lhe faltou, uma teoria da conspiração? Creio que o 11 de Setembro 2001 teria dado pano para mangas (nada disso aparece no filme). Mas, como sempre quando se trata de biopics, faltou um pouco mais de História, de distanciamento temporal à sua história.

Também não ajuda o facto de Stone ter reduzido um potencial character study sobre os homens do presidente a um sketch dos Marretas. Basta ver a caracterização de Richard Dreyfuss (como Dick Cheney), Thandie Newton (Condolezza Rice) ou Jeffrey Wright (Colin Powell) para se perceber o nível de seriedade deste projecto.

Para mim, trata-se da primeira decepção da temporada para os filmes que eventualmente poderão concorrer aos Óscares. A segunda decepção é Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles. A ele voltarei.

Impoliticamente correcto


Recebi a foto com a seguinte legenda: "Familiares de Barack Obama a caminho da Casa Branca". Não sei se corresponde à realidade familiar mais chegada ao presidente. Mas, de qualquer forma, o presidente já fez saber que não haverá lugar para todos no Air Force One.

Bush Jr: Bye Bye Baby


O jornal METRO refere na sua primeira página de hoje que, com a eleição de Barack Obama para presidente dos EUA, a Casa Branca voltará a ser habitada por crianças (as duas filhas de Obama são menores). Portanto assumimos que os oito anos da administração Bush não se trataram de uma infantilidade? O nome diz tudo: George W. Bush Jr...