terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Viva 2009

Faço dos bonecos de Regina Pessoa e Abi Feijó as minhas palavras para 2009. Toca a confraternizar. E nada de fuçangar! Somos muitos, sumos mais, seremos únicos mas nunca estaremos sós.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Saúde a saldo


Depois do Natal, só havia uma, perdão, duas maneiras de passar o fim de semana: nos saldos dos centros comerciais ou nos centros de urgência dos hospitais. Entre gastar dinheiro ou tratar da saúde, os portugueses preferiram assegurar a segunda.

Como só hoje a Ministra da Saúde Ana Jorge decidiu finalmente sair da toca para dizer aquilo que o seu ministério irá fazer pela saúde dos portugueses (numa altura em que os portugueses não podem nem ir aos saldos nem aos centros de saúde, porque já têm de trabalhar), parece-me óbvio que a única pessoa este fim de semana nos saldos foi mesmo a ministra.

Get a gripe


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Perigo: natal 08 (IV)

O meu amigo Paulo Farinha foi passar a consoada ao Maxime. E não se arrependeu.

"Se o Natal é quando um homem quiser, também pode ser onde um homem quiser. E se um homem quiser que seja no Cabaret Maxime, ao som dos Ena Pá 2000, melhor ainda. "Mulheres boas comendo meloas, mulheres feias chupando lampreias". Bem-aventurado sejas, ó Manuel João, ícone da portugalidade".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Perigo: Natal 08 (III)


Roubei esta carta escrita em 1955 ao Pai Natal do blog Ié-Ié, que tem música de época e espírito natalício para todo o sempre. Antes e depois das badaladas. A carta pede caixas de lápis de dois andares e cadernos de problemas. Terá sido escrita pelo Engº Sócrates?

Perigo: Natal 08 (II)


Se há algo que não me interessa oferecer este Natal é joalheria. Bem sei, trata-se de simbolismo, ou de um objecto com valor simbólico, mas eu não adiro. Depois, inexplicavelmente, serei capaz de oferecer uma peça insignificante comprada numa feira de antiguidades. Inexplicável? Sempre pensei que sim. Agora já não.

O problema da joalheria a sério, das peças "simbólicas" de 5 mil euros, é que o preço alto nos impede de estabelecer um valor que possa ser nosso. Ou seja, se compramos porque é caro, que espécie de sentimentalismo existirá na oferta? Bem sei, trata-se de agradar o outro. Mas eu não acredito no presente meramente altruísta. Quem gosta de dar não dá para testemunhar a satisfação no outro, mas por acto de vaidade - porque gosta de ver-se a si próprio no acto de oferecer através da satisfação do outro.

Se compramos o que é caro, que diferença faz que a peça seja bonita? Quando algo é barato, de certa forma deixa de ter preço. E é nessa liberdade que consigo encontrar o espaço para nele encontrar o valor que me interessa e o gosto que lhe irei dar.

Será que gosto porque sou forreta e porque acredito que tudo deva ser grátis? Não. Porque às vezes é na ausência de especulação comercial que encontramos o valor das coisas. E o valor de certas coisas não tem preço.

Claro que eu deveria é ter pensado nisto antes de me pôr a comprar as prendas erradas de Natal...

Perigo: Natal 08


Do trabalho a caminho de casa, passei por um acidente rodoviário e dois choques em cadeia. Como não está a chover, deduzo que as causas tenham sido as mais naturais possíveis: carros a mais, estrada a menos. Mas prevejo alguma dificuldade para as respectivas seguradoras em descalçar esta bota. "Então o acidente deveu-se a quê, alta ansiedade a caminho do centro comercial mais próximo?".

Os acidentes individuais são actos isolados casuais. Os choques em cadeia, não - trata-se de uma coincidência elevada ao quadrado. Mas há sempre uma razão mais prosaica. Para mim os choques em cadeia têm a ver com o facto de no Natal as pessoas insitirem em estar próximas umas das outras. Nem que seja com estranhos a caminho do centro comercial mais próximo - mas parados à espera do reboque.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Diz que disse


"Não despedisse!". A newsletter da Pixamania já começou a poupar no latim para talvez se adaptar mais rapidamente ao Acordo Hortográfico, que entra em quarto de vigor a partir de 1 de janeiro 2009.

Corta-Fitas


A partir de hoje, começo a colaborar também no Corta-Fitas. Perguntam-me: "Mas como é que tens tempo para escrever em três blogs?". Não tenho. Mas prometo deixar de almoçar e jantar (não necessariamente por esta ordem).

O que gosto no Corta-Fitas? A companhia feminina, claro. E escrevem blogue em vez de blog sem terem sequer sido pressionados pelo Acordo Hortográfico (o meu é com H grande).

Além disso, o Corta-Fitas tem mais audiência. Ora, eu escrevo por vaidade, para comunicar e sorrir sem ter de mostrar os dentes. Mais do que apreciar a engenharia conjunta das letras e palavras, adoro que a respectiva arbitrariedade possa encantar quem quer que seja (para além do autor em questão). A engenharia não será necessariamente uma obra minha, ou da prima, mas também poderá habitar o Corta-Fitas.

2009


Os ingleses dão ao ano bissexto o nome de leap year, o ano do pulo. Como se o bissexto 2008 fosse um ano esdrúxulo que tentamos evitar ou pular em direcção à prevista normalidade do calendário de 2009.

Se já nos avisaram que 2009 ainda vai ser pior, parece-me que tudo corre nos eixos da “normalidade”: a normalidade de que tudo isto é mau, mas felizmente ainda pode vir a ser pior. Confesso que depois de terem baixado 1% ao IVA em Julho de 2008, as previsões para 2009 caem que nem uma bomba no seio do optimismo nacional. Se não fosse o optimismo dos portugueses estar no seio, ficávamos mesmo arreliados.

Uma vez que 2009 será ano de eleições legislativas e autáquicas (mais Parlamento Europeu), irá fazer-se menos política e mais campanha. Eu prefiro sempre a campanha: pode ser que assim a maioria dos jardins municipais seja limpa e a Avenida da Liberdade possa ter flores sem as pétalas serem patrocinadas pela TMN.


O fim do ano bissexto significa ainda que Sócrates conseguirá ajustar o calendário de feriados de forma a eles coincidirem com a fuga de milhares de portugueses para o Algarve num fim de semana em que seja preciso referendar algo de importante. Tipo: “É a favor do linchamento dos professores no pelourinho público ou prefere que eles sejam apenas queimados?”.

Em 2009, a sexta feira santa calha à sexta, bem como o 1 de Maio. O 5 de Outubro é uma 2ª feira, os feriados de Dezembro são terças, tudo por obra e graça do Espírito Santo e do Engº Sócrates. “A culpa do 25 de Abril ser a um sábado e o 1 de Novembro ao domingo é da oposição”, afirmou o 1º ministro. Manuela Ferreira Leite recusou comentar, deixando indignada a oposição a Ferreira Leite dentro do PSD, incluíndo aqueles que se opõem à oposição dentro do principal partido da oposição.


Entretanto o PNR, partido nacionalista, regozija com o facto de a Noruega legalizar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo a partir de Janeiro, o que significa que muitos dos homossexuais sairão de Portugal para casar na Noruega. O PRN pensa abrir uma excepção ao discurso contra os emigrantes, caso haja necessidade de alguns heterossexuais noruegueses virem trabalhar para as obras em Portugal como contrapartida.

O almanaque Borda d’Água assume que 2009 terá “um Inverno temperado, uma Primavera ventosa, um Verão aprazível e um Outono chuvoso”. Mas nem uma palavra em relação à crueldade que é o facto de no Verão 2009 não haver um único evento desportivo, seja Europeu ou Mundial de Futebol, que possa distrair os portugueses da crise internacional e permitir às gasolineiras voltar a subir o preço dos combustíveis enquanto o pessoal está a ver a bola.


Consta que a Galp está a pensar organizar um mundialito de futsal alternativo que inclua equipas a favor e contra os contentores em Alcântara. E vão chutar em quê? Depende da cabeça que entretanto rolar na câmara municipal…

O romance


As pessoas só têm de se convencer de que gostam mesmo uma da outra. Depois só têm de convencer-se de que estão apaixonadas, que ela adora a voz dele ou ele as pernas dela.

Depois então só falta convencerem-se de que podem viver juntas, partilhar a cama, a intimidade e o registo predial, ou comprar duas canecas de café com o nome de cada um deles.

Depois, as pessoas só têm de convencer-se de que gostam ambos do mesmo jornal ao fim de semana, de passear de carro até à Ericeira ou ver uma comédia romântica na sessão das 19h aos domingos.

Depois, as pessoas só têm de convencer-se de que devem casar, comprar um apartamento jeitoso e ter um bebé juntos. Uma vez resolvida essa parte, é um tirinho até serem felizes para sempre e convencerem-se de que seria impossível o destino não os ter feito um para o outro. Mas enquanto não estiverem convencidos, nada feito.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Eleissões Prezidenciais?




Este é um dos meus favoritos: um talk show americano em que se ensina os espectadores a esconder eventual interesse pela eleição presidencial americana.
- Como é que chamam aqueles tipos, os dem..., os democr...,
- Democratas?
- Isso mesmo!

O mundo gira

Foi considerado o vídeo mais "viciante" de 2008 pela revista Time. É absoluta e globalmente encantador.

O Bom Natal


Eu ainda sou do tempo em que o Natal era pacífico. Agora, o Natal é uma intifada – contra o tempo, contra o espaço e contra a senhora que se arroga ao direito de furar a fila para pedir papel de embrulho no balcão do supermercado. “Tragam ouro e incenso, irra!”.

Por isso, este ano, como todos os anos, desde o ano em que o Natal deixou de ser pacífico, a única coisa que desejo é que este ano deixem o Natal em paz. Nada de antagonismos pronunciados ou fanatismos férreos, por favor, que isto não é o referendo ao aborto. Fiquem pelo meio, deixem o Natal ser como é suposto ser – natalício. A ideia é renascer e não morrer na praia.

Mas não adianta: não é possível ser-se absolutamente normal no Natal, porque o Natal não é uma época normal. O Natal é como a noite de Santo António elevada ao quadrado (ou ao rectângulo do país). É uma festa em que todos somos convidados mas depois ninguém respeita o anfitrião. Ou seja, é um abuso constante e uma má educação sistemática. Resultado: ninguém se diverte, o cunhado discute com a sogra e a programação televisiva piora. Inevitavelmente, toda a gente culpa a televisão ou a sogra.


Mas o Natal deveria ser a melhor altura para nos conhecermos – ou então tentar perceber de que material somos feitos. Infelizmente, com o ritmo diabólico das coisas, é preciso muito mais do que boa vontade – é preciso músculo e algumas vitaminas para aguentar uma linda-falua que vem de Outubro. É na rentrée que os treinos no ginásio se deveriam intensificar: “A preparar-se para o Natal, hein?”.

Há uns anos, dois músicos ingleses que ficaram alojados em casa dos meus pais, puseram o dedo na ferida. “Vocês em Portugal também celebram o Natal?”. Creio que Portugal ainda não tinha entrado para a CEE mas parece-me que já tínhamos expulso os mouros da península (só faltavam mesmo estes dois idiotas).


No entanto, na sua ignorância insular, eles tinham revelado o essencial: o Natal é aquela altura do ano em que nenhum de nós se lembra de que o nosso vizinho também poderá, sei lá, celebrar o Natal. Claro que o nosso vizinho pode ser ortodoxo. Se for, está cheio de sorte, compra os presentes na altura dos saldos. Mas a realidade é esta: o egoísmo é o pior inimigo do Natal e, tantas vezes, o seu único porta-voz. Que fazer? Retirar a ADSE ao Pai Natal?

Natal é como sexo: é impossível não se gostar. Mas para melhor usufruto, convém fazer bem. Ora, o problema não é do Natal – é do Mau Natal. O Mau Natal é uma malaise de nascença, e agudiza-se numa infância infeliz e desprotegida, acabando por se vingar através de um adulto hostil, amargo e insuportável para jogar à sueca.


Se não fomos bons filhos, jamais seremos bons pais de família. E, sem família, não há Natal para ninguém. São ensurdecedores os coros daqueles que me dizem ser o Natal uma hipocrisia. Eu acho que maior hipocrisia é daqueles que vêem o Natal como a maior das hipocrisias. Na verdade, a “hipocrisia” iliba a forretice natalícia e justifica um ano de desperdício imperial. Poupar no Natal para ir às Seychelles em Fevereiro?

Um amigo meu, com uma certa razão, comentava recentemente que “o Natal na verdade é o Carnaval”: vestimos máscaras festivas, fazemos figura de bom samaritano e consumimos felicidade instantânea. Espero que ele consiga convencer a entidade patronal da sua causa, para assim o pessoal garantir mais um subsídio para o Carnaval que aí vem. E darmos o subsídio de Natal por bem empregue e não por mal gasto.

(publicado no Jornal Metro, Dezembro 2006)

R.I.P: Bettie Page (1923-2008)


Não me perdoo que tenham passado mais de cinco dias desde a morte de Bettie Page e eu não tenha sido informado.

Para mim, mais do que a pinup dos anos 50 (e não, eu ainda não era nascido), Bettie Page é um símbolo de coragem, independência e (cof, cof) feminismo. Abusada pelos homens, sobreviveu a todos eles. Não é originalidade, mas arte. Inspirou Beatriz Costa, Ditta Von Teese e Eva Longoria.

Há cerca de oito ou nove anos tentei vender uma história, a história de
Bettie Page a uma revista feminina da praça (diz que era a Elle, porra!), mas o texto ficou uns bons meses a apanhar pó na gaveta. Consegui publicá-lo ainda antes de Hollywood fazer o biopic da madame Page (um fracasso de bilheteira que teve apenas edição vídeo em Portugal), mas acho que desde essa altura aprendi a confiar mais no meu instinto do que na editoria de uma revista de ou para senhoras.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Admira Técnica

O jornal Briefing refere que "dois terços dos portugueses não sabem o que é a TDT" (Televisão Digital Terrestre). O que o jornal não refere é que o restante terço dos portugueses pensa que a TDT é a DDT. Claro que um estudo verdadeiramente interessante seria tentar descobrir quantos portugueses sabem o que são realmente os restantes portugueses...


O general Inverno no seu labirinto


O Inverno começa no próximo domingo ao meio dia e 04 minutos. Para mim, o início do Inverno tem a importância que tem, por significar também o início do... Verão. É que o solstício de Inverno, dia 21, é também o ponto em que, segundo a Wikipedia, "o sol atinge a sua maior declinação". Ou seja, a partir de domingo, os dias começam a ficar maiores!

Vale a pena fazer a festa? Para quem, como eu, depende tanto do sol, sim. A 1 de janeiro de 2009, o sol põe-se às 17h26 (Lisboa) e 17h15 (Porto). No dia 31 de Janeiro, o sol pôr-se-á às 17h57 (Lisboa) e 17h50 (Porto). São mais 31 minutos de sol por dia para Lisboa e mais 35 para o Porto. Acho que o Porto merece.

Quem é que tem o controlo lá em casa?


Lamentável que seja consentida a comercialização em Portugal de produtos sexistas como este pequeno aparelho remoto que serve para controlar as mulheres à distância, permitindo ao homem exercer a sua vontade e vassalagem sobre o sexo fraco.

Alguém deveria rapidamente criar uma petição que impedisse estes actos censuráveis de discriminação sexual por parte dos homens que gostam de sexo e de bola (não necessariamente por esta ordem ou em simultâneo). Evidentemente sou contra, evidentemente gostaria de denunciar esta pouca-vergonha!

O meu acordo hortográfico


Palavra do dia: Auto-cataclismo.
Algo de verdadeiramente trágico que poderia acontecer em 2009 para o Governo Sócrates caso os portugueses decidissem puxar todos a descarga ao mesmo tempo.

Turismo Histórico, foi você que pediu?

Se temos turismo e temos História, por que raio não haveremos de ter também turismo histórico em Portugal? A pergunta sou eu que a coloco, não sei quem e com que destinos históricos de renome me podem exemplificar para contrariar a tendência.

O "berço" de Guimarães? A Ribeira do Porto? O bairro de Alfama, o centro de Évora? Nenhum dos 280 especialistas em viagens contactados pela National Geographic achou relevante incluir uma opção nacional na lista dos 109 Melhores Destinos Históricos de 2008. Felizmente (para não ficarmos sozinhos a comiserar), os espanhóis também ficaram de fora. O "mais perto" de que temos de Portugal é Macau, que já era.

No top ten da lista estão duas opções austríacas (Wachau e Graz), duas francesas (Dijon e Aix-en-Provence) e mais três destinos europeus em Potsdam (arredores de Berlim), Estocolmo (Suécia) e Ghent (Bélgica). O décimo lugar é ocupado pelas estâncias vinícolas de Mendoza, que adorava um dia visitar na Argentina.

Não me posso queixar, estive em quase 10 por cento dos locais seleccionados pelos eventuais especialistas: Ghent, Edimburgo, Munique, Istambul, Budapeste, Carcassonne (França), Verona (Itália), Stratford-Upon-Avon (Inglaterra), New Orleans e Aachen, na Alemanha, onde mora uma das minhas irmãs. A outra centena que me falta ver tratarei de visitar nos próximos 50 anos, antes de a National Geographic elaborar outra lista...

O Cão de Ourique

O Cão de Ourique é uma das raças de canídeos com mais personalidade em Portugal. Mora nas ruas de Campo de Ourique o cão, e caga no chão de Campo de Ourique o cão.

A Junta de Freguesia de Campo de Ourique, bairro popular de Lisboa, oferece sacos para o Cão de Ourique limpar os seus dejectos mas o Cão de Ourique desdenha e caga no chão de Ourique ou onde calha. Não há nada a fazer, dizem que o Cão de Ourique sai aos donos que escarram no chão de Campo de Ourique, o mesmo bairro dos cães.


Reason TV: proibido proibir

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Cinto Muito

Fúria do Açúcar


Ontem no Casino, noite de má memória. Talvez tenha abusado do açúcar...

O Fakebook


Neste momento, tenho 122 amigos no Facebook. São muitos, são poucos, serão verdadeiros ou falsos? Ainda não percebi. O que sei é que, para já, tenho mais amigos que não conheço no Facebook do que alguma vez tive na vida real. A minha média actual de amigos verdadeiros na vida real é de sete ou oito e meio, um número que estará dependente das prendas que ainda conto receber este Natal. No Facebook estou farto de receber prendas e bolas de neve virtuais.

Ao contrário das parolices infantis tipo Hi5 onde os miúdos comunicam através de iniciais, diminutivos e neologismos com a letra K, o Facebook é uma coisa séria, digna e um pouco snob que reune profissionais do meio, independentemente do meio e do fim dos respectivos profissionais (dizem-me que a maioria só quer ir para a cama uns com os outros, mas lamentavelmente ainda não recebi nenhuma proposta indecente).

O Facebook é uma rede social na internet composta por amigos que não se conhecem mas gostariam de passar a não se conhecer melhor. O que será preciso fazer para qualquer um de vocês participar? Basta receber um convite ou inscrever-se. Se ainda não recebeu nenhum convite na sua caixa postal é porque ninguém no Facebook quer saber de si. O que não é necessariamente uma má notícia.

Se desejar inscrever-se sem ter amigos que possam partilhar este seu interesse virtual, o melhor é fazer como todos nós e fingir-se entendido ou deveras interessante. O primeiro passo da mentira é a fotografia. A minha fotografia do Facebook, por exemplo, reproduzindo um momento muito sexy em que eu fui apanhado atrás da câmara de filmar em St Malo, há uns anos, contraria uma das principais regras assumidas (mas não pronunciadas) pela comunidade, que é o de revelar o rosto - daí o nome, Facebook, “capisce”?

E por que raio haverei eu de esconder o meu rosto? Por ser feio? Também. Mas porque a eventualidade de ser bonito, ou o mistério dessa incerteza, dá-me alguma esperança no meio (e no fim). E a esperança é uma espécie de vaidade comunitária sem prazo de validade. Ora, essa indefinição é algo que o Facebook e eu muito respeitamos.

Não sei qual o futuro do Facebook, mas confesso que me tenho divertido a valer. Todos os dias um de nós é uma pessoa diferente e jamais indiferente. A comunidade online funciona em sessões contínuas, como reuniões de Alcoólicos Anónimos, partilhando ansiedades, sentimentos, projectos, bisbilhotices, desejos e as fotografias do barbeque de fim-de-semana.

Sabemos mais do que é necessário saber e menos do que seria de supor se fôssemos amigos verdadeiros. Não somos verdadeiros, somos falsos, mas para falsos não está nada mal. O grande desafio está sempre na vida real, e por isso é que o Facebook é um excelente laboratório.

(Publicado no Jornal Metro de 12 Dezembro 2008)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Globos de Ouro 2008: Os Nomeados


A lista dos nomeados para os Globos de Ouro foi enviada de Los Angeles às cinco da manhã locais (pacific time, that is), a tempo de entrar nos noticiários da Europa e suas colónias. Como os Globos de Ouro servem de amuse bouche para os Óscares, convém levar isto a sério e começar a antecipar as previsões cinematográficas para o ano compilado (2008, that is).

E afinal que conclusões tirar desta primeira selecção? Que, para além dos cinco nomeados para Melhor Drama (Globos de Ouro), apenas um outro filme (Milk, de Gus Vant Sant, com Sean Penn) se poderá intrometer na luta pelo Melhor Filme do Ano (nos Óscares).



Quais os nomeados para Globos de Ouro? The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher (segundo conto de F. Scott Fitzgerald). Slumdog Millionaire, de Danny Boyle (Trainspotting). Frost/ Nixon, de Ron Howard (argumento de Peter Morgan de A Rainha). Revolutionary Road, de Sam Mendes (reune o par de Titanic, DiCaprio e Kate Winslet). E The Reader, de Stephen Daldry (de As Horas), segundo texto de David Hare.






Curiosidades: Meryl Streep (Doubt, Mamma Mia!) e Kate Winslet (The Reader, Revolutionary Road) conseguiram duas nomeações para prémios de representação.
Vicky Cristina Barcelona, nova comédia de Woody Allen, nomeia todo o elenco principal (Javier Bardem, Penelope Cruz e Rebecca Hall), mas não Scarlett Johansson. É o Carmo e a Trindade!


O elenco de Doubt, texto original de John Patrick Shanley (Feitiço da Lua) adaptado por Diogo Infante para o Maria Matos em 2008, está todo nomeado: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Viola Davis e Amy Adams.


Heath Ledger, como se esperava, está nomeado postumamente por Cavaleiro das Trevas. Mas estranhamente o filme ficou de fora. Não se arranja uma categoria extra de Filme Mais Subvalorizado pela Crítica do Ano?

De fora também, com maior ou menor surpresa, ficou Australia (Baz Luhrmann), Ensaio Sobre a Cegueira (Fernando Meirelles) e Clint Eastwood (que este ano tem dois filmes, Changeling e Gran Torino). Angelina Jolie está nomeada pelo papel em Changeling e Clint Eastwood pela partitura de Changeling e um dos temas de Gran Torino, mas isso não chega para compensar as expectativas criadas. Expectativas essas que, acredito, a Academia tratará de compensar nos Óscares.

Last Chance Harvey, de Joel Hopkins

Uma das coisas que aprendi ao longo dos anos como espectador de cinema foi nunca deixar de ver os filmes com a Emma Thompson. É uma paixão antiga que as palavras tontas não explicam.

Last Chance Harvey (2008) tem Dustin Hoffman como cabeça de cartaz e será ele a razão provável de o filme vir a estrear em Portugal, algures em 2009. Uma vez que tanto Dustin Hoffman como a Emma Thompson acabam de ser nomeados para os Globos de Ouro (lista da Variety), prefiro não tirar grandes conclusões sobre este filme aparentemente dominical.

A nova namorada de Cristiano Ronaldo...

Talvez a nova namorada de Cristiano Ronaldo não seja ainda de Cristiano Ronaldo. O que se sabe é que a nova namorada de Cristiano Ronaldo já não é a mulher do milionário britânico John Haynes, de 50 anos.

Segundo o Diário de Notícias de ontem (que vai buscar a manchete ao sempre fiável Daily Mail), John haynes percebeu que a esposa, a ucraniana Alyona Haynes, de 25 anitos, o estava a enganar depois de encontrar cerca de 300 mensagens sms trocadas entre ela e o futebolista Cristiano Ronaldo. A punchline: "As mensagens pareciam escritas por uma criança de 7 anos. O inglês era péssimo e mencionava Portugal".

A notícia não refere se "o inglês péssimo" é dos textos da ucraniana ou do português. Também não se percebe se John Haynes é "inglês péssimo", mas garanto que não escreverá muito melhor em português-madeirense aquilo que Ronaldo quis dizer à garota. A minha dúvida agora é: será que o milionário daria mais valor à iniciativa de Cristiano Ronaldo se ele tivesse enviado poemas de Wordsworth à ucraniana? Quem foi aqui o enganado e quem é que vai ao engano?

Bolt: sucesso crítico!

O filme ainda mal estreou nos multiplexes, mas a Lusomundo já enviou uma circular para a imprensa a referir o sucesso crítico em Portugal de Bolt, uma animação 3D da disney (que está também a ser muito apreciado na América).

E quem são os críticos de cinema que contam para a vaidade da Lusomundo? São as meninas que escrevem para a Nova Gente, para a revista Mariana, para a TVI, para o Correio da Manhã, para a TV Net e para o 24 Horas. No meio das laudas, apenas reconheço o crítico João Antunes, que há anos trabalha no "sector".

Não pretendo ser snob (sei que sou, mas não pretendo). Um crítico não é crítico apenas por ter anos de casa. Mas é verdade que "a casa" entretanto mudou, que as salas de cinema fecharam e que as distribuidoras de cinema entretanto massificam a realidade através de agências de comunicação (essas malditas!).

Também sei que a crítica de cinema em Portugal, aquela que vigorava no Expresso, no Público ou no Diário de Notícias, morreu há muito tempo. Gostava é que alguém tivesse avisado os críticos a tempo de eles escreverem os seus próprios obituários. Pensando bem, os críticos ainda continuam a escrever os seus próprios obituários nos jornais...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Isto não é um cachimbo

Um carro mal estacionado não é igual a um carro bem estacionado. Um carro mal estacionado deixa espaço para opções, liberdade para a ilusão e cerca de dois metros no passeio para não se morrer atropelado na estrada. Um carro bem estacionado não dá hipóteses.

Portanto, o que me indigna neste retrato tirado no bairro da Graça em Lisboa não é o automóvel aparecer estacionado totalmente em cima do passeio mas o facto dessa totalidade impedir um certo espaço para o mistério, a imaginação, o romance e a poesia que esta cidade bem merece. Principalmente no Natal.

Absolut Masquerade

Há um ano tivemos a garrafa temática da Absolut Disco. Recebi duas no Natal, e mantêm-se intactas, intocáveis na estante da cozinha. Este ano, a loucura é a Absolut Masquerade, vermelho febril para acompanhar as paixões doentias do zeitgeist. Que importa o conteúdo quando se tem esta forma e esta forma esconde a realidade?

É a Grécia, estúpidos!

Quantos portugueses civis invadiriam as ruas das nossas cidades (todas as duas que temos) indignados com a morte de um jovem pelas forças policiais, como aconteceu ou tem acontecido estes dias na Grécia?

Aposto que a maioria dos portugueses seria capaz de livremente assinar petições contra os polícias, mas nunca assinaria petições a favor de uma movimentação pública ou levantamento popular contra os polícias ou o estado das coisas. Levantar o cu da cadeira para levar tau-tau da tautoridade? Hoje não, que dá o Benfica, pá!

A Lisboa amargo-doce

A primeira página de hoje do jornal Público aqui em Lisboa não é bem uma página mas um daqueles embrulhos publicitários que apenas associamos à distribuição massificada dos jornais gratuitos, como Metro e Destak.

Mas hoje, na compra do Público de Lisboa, ficamos a saber que o supermercado do Corte Inglés abriu uma sucursal no Parque das Nações (sim, também é em Lisboa). É talvez a melhor notícia do dia no Público (edição Lisboa), mas quantos de nós iremos comprar um jornal que nos cobra pela publicidade que vende?


Como eu sou um fã incondicional de supermercados, aproveito a benesse para assinalar a abertura de um Pingo Doce, talvez o melhor da cidade de Lisboa, na estação ferroviária de Santa Apolónia (quem vier do Porto é um instante). Cruel coincidência ou maternal doçura o facto da abertura do Pingo Doce em Santa Apolónia ter coincidido com o fecho da pastelaria Lua de Mel, na Baixa. Um fecho, assinale-se, realizado à revelia dos profissionais que nela trabalhavam.

A luz ao fundo do túnel é um grelhador em sentido contrário

Os autarcas gostam de falar sobre as obras finalizadas mas nunca se lembram que a maioria delas são apenas incompletas.

O projectado túnel do Marquês, que deveria também ligar as Amoreiras à Avenida António Augusto de Aguiar (recta viária que dá para o Corte Inglés) nunca foi terminado e está bem longe de o ser. Por isso, três imigrantes indianos decidiram que este seria um bom abrigo para passar a noite ou este Natal (a inacreditável notícia sobre "o caril no Túnel do Marquês" é do inacreditável Diário de Notícias de ontem).

De que nos queixamos quando falamos de amor? A maioria dos indigentes costuma ficar por Santa Apolónia ou arredores do Rossio. Portanto a migração para o Marquês é de carril para caril...

De Pedro Mexia

Gostava de ir ao lançamento do "novo livro" do Pedro Mexia, no Incógnito, em Lisboa, na noite de sexta feira, dia 12 Dezembro. O "novo livro" não é novo, mas requalifica as crónicas que o homem publicou no NS, Notícias de Sábado, antes de ingressar (gosto de "ingressar") no Público e na Cinemateca.

Receio que a apresentação prevista por Rui Reininho possa transformar o lançamento num arremesso. Mas é da forma que o Mexia se mexe.

Óscar para Melhor Filme

Um dos onze filmes cujos trailers revelo em baixo irá ganhar o Óscar. Alea jacta est, os dados estão lançados.

Happy-Go-Lucky, de Mike Leigh

Changeling, de Clint Eastwood

Revolutionary Road, de Sam Mendes

The Wrestler, de Darren Aronofsky

Doubt, de John Patrick Shanley

The Reader, de Stephen Daldry

Frost/ Nixon, de Ron Howard

Dark Knight, de Chris Nolan

Milk, de Gus Van Sant

Slumdog Millionaire, de Danny Boyle

The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher

2008: o Ano da TIME


Essencial a edição anual da revista Time com a lista, perdão, as listas dos 10 Mais de Tudo. Os dez melhores filmes, os dez melhores álbuns, os dez melhores vídeos, as dez melhores gaffes de campanha presidencial, os dez melhores faux pas da indústria da moda, as dez melhores manifestações contra a Ministra da Educação em Portugal, e por aí fora. Gosto destas listas às dezenas.
Para que conste, os discos dos Vampire Weekend e da Duffy (escolhas minhas) também foram seleccionados pela Time. Outros? Portishead, Santogold, TV On The Radio ou Metallica.

Kim Cattrall, by Ticiano


Voltando novamente à questão de há uns minutos atrás: o que é arte e o que é Kim Cattrall?

Bom, acontece que a insinuadora actriz de Sexo e a Cidade decidiu reunir-se com os performers do espectáculo londrino Le Cirque para uma sessão fotográfica benemérita que pretende angariar fundos para garantir a permanência do quadro original de Ticiano, Diana & Acteon, em Inglaterra. Quadro esse que a sessão de Cattrall reproduz.


Não sei quanto custará a manutenção do Ticiano em Londres, mas parece-me que teria sido mais simples a Kim Cattrall abdicar de 1/5 do seu salário de Sexo e a Cidade para que o original ficasse em boa curadoria. Escusávamos de ter de publicar uma badalhoquice softcore neste blog tão doméstico. Ainda bem que já passa da meia noite.

Shalom Harlow


É evidente a diferença entre "nude" e "naked" na língua inglesa. Mas, em português, há algo que se perde na tradução daquilo que distinguimos como nudez natural e/ou nu artístico.

Era na secção do nu artístico que eu gostaria de englobar esta sensacional nudez natural da actriz canadiana Shalom Harlow para a revista Purple. Mas, como tudo, é uma questão de perspectivas e temperamentos. Por isso, podem até chamar-me de pornógrafo que eu já não tenho nada a perder.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Quaresma: Bidão de Ouro


Quando Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo surgiram a bailar na equipa do Sporting, há quase dez anos, antevi um futuro mais risonho para Quaresma do que para Ronaldo. Enganei-me.

Na altura achei que Ronaldo dançava bem demais para as tarefas a que se propunha, fazia-me lembrar o Dominguez, aquele puto português que o Sporting fora buscar a Inglaterra e que se fintava a si próprio.

Agora, uns anos depois, Ronaldo é um jogador completo e Quaresma é apenas um jogador complexo, com um talento incompreensível. Mourinho veio buscá-lo para jogar no Inter de Milão mas nada mudou. Quaresma deixou de jogar, não voltou à selecção, e em Itália ganhou agora um prémio de latão, o Bidão de Ouro, que premeia a maior desilusão da época do campeonato italiano.

Pode ser que este prémio sirva de lição a Quaresma. Tudo depende da inteligência, distância ou perspectiva com que se olha para estas coisas. Para mim, ele vai associar o Bidão de Ouro a barril de petróleo e, no meio da crise, sentir-se agraciado pela encomenda. O petróleo não dá para usar no cabelo?

Cinema: Melhores Filmes 2008


De um ano para o outro, reduzi cerca de 50 por cento na minha frequência cinematográfica. Ou seja, deixei de ir ao cinema assiduamente.

Dos 13 melhores filmes de 2008, apenas sete foram vistos no cinema durante o ano em questão (Angel, de François Ozon vi em 2007, no Instituto Franco Portugais). Tudo o resto foi visto em casa, através de cópias pirateadas com sofisticada legendagem brasileira ou versões de aluguer Blockbuster para dvd (como A Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas). Estava a chover ou fazia muito sol ou inventei uma boa desculpa para não estar com ninguém.

Apesar de tudo, ainda sou um purista. Nada se compara a ver um bom filme na sala de cinema - principalmente se a sala for apenas ocupada por mim. Não preciso de pagar muito para que isso aconteça, basta-me ir às sessões da meia noite de domingo, segunda e terça feira num multiplex de zona limítrofe da capital - seja no CC Comercial Vasco da Gama, Alvaláxia ou Freixo de Espada-a-Cinta.

A maioria dos bons filmes de 2008 infelizmente eu não vi. Se os meus leitores estiverem realmente muito interessados em saber quais são, devem consultar as escolhas dos críticos sérios que serão decerto incluídas nas listas de imprensa a publicar nos jornais dos próximos fins de semana. Ou seja, listas feitas a tempo de ir correr à FNAC comprar "o melhor filme do ano segundo fulano e cicrano" para oferecer ao tio.

Fico-me assim limitado aos poucos filmes que vi e dos quais gostei muito, por razões mais do coração que da razão. Foram filmes que mexeram comigo de uma forma que, este ano, pouco ou nada de substancial mexeu (a começar por mim mesmo, sedesdentário duma figa!).

1. Into The Wild - O Lado Selvagem, de Sean Penn
2. Dark Knight -O Cavaleiro das Trevas, de Chris Nolan
3. Atonement - Expiação, de Joe Wright
4. There Will Be Blood - Haverá Sangue, de PT Anderson
5. The Mist - Nevoeiro Misterioso, de Frank Darabont


6. Entre Les Murs - A Turma, de Laurent Cantet
7. Juno, de Jason Reitman
8. No Country For Old Men - Este País Não é Para Velhos, dos Coen
9. O Orfanato, de Juan Antonio Bayona
10. Wall-E, de Andrew Stanton

Suplentes
11. Before The Devil Knows You're Dead - Antes Que o Diabo Saiba Que Morreste, de Sidney Lumet
12. Angel - Encanto e Sedução, de François Ozon
13. Luz Misteriosa, de Carlos Reygadas

Obladi, oblada

Finalmente alguém elaborou um post sobre o exagero que é a proeminência pandémica de iogurtes no universo limitado da lacticinidade portuguesa. Viva o sentimento oblativo não obligatório. E obligado.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

New Music 2009: Polly Scattergood

Polly Scattergood

Veneno Cura, de Raquel Freire


O novo filme de Raquel Freire, Veneno Cura, já tem foto de apresentação, já tem data de estreia (8 de Janeiro 2009), já tem página na net, já tem making of e links com imagens no youtube, mas os portugueses ainda não sabem de que filme se trata e por falar nisso quem é a Raquel Freire?

É que, quando se trata de cinema português, é sempre preciso começar tudo de novo. É preciso escrever, realizar, produzir e promover bem. E acima de tudo é essencial não sobrevalorizar a memória colectiva dos portugueses em relação ao seu, ao nosso cinema nacional. Um exemplo? Teresa Prata.


A Teresa esteve seis anos a filmar Terra Sonâmbula, segundo um texto de Mia Couto. Em 2007, o filme começou a circular nos festivais e ainda hoje, final de 2008, Terra Sonâmbula está a ganhar prémios (Melhor Argumento em Bursa, Turquia). E Portugal? Terra Sonâmbula teve, salvo erro, uma ou duas semanas de exibição na capital. Não sei se chegou ao Porto, a Coimbra, a Faro ou ao Centro Comercial da Bobadela. Sei que não chegou aos portugueses. E sei que a Teresa sabe isso. Não admira que viva em Berlim.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Ao pé do Castelo de S. Jorge

Uma das razões porque gosto de Lisboa é por ela garantir esta libertinagem criada pela urgência em comunicar a portugalidade aos estrangeiros. Evidentemente se na ardósia estivesse escrito "pastel de Belém" nunca ninguém iria perceber de que se oferta se tratava.