terça-feira, 18 de novembro de 2008

Robert McKee: eu fui!


Pedi a testemunhas oculares que me relatassem alguns dos pormenores sórdidos sobre o seminário-foguete Story, de Robert McKee, realizado no passado fim de semana em Lisboa (ao qual eu não estive presente). O Nuno Noivo foi um dos que se prontificou a responder. Agradeço sobejamente o seu post.

"“Já mudei a minha curta toda na cabeça!” dizia um rapaz a um amigo, enquanto acendia o cigarro na passada exacta do interior para o exterior do edifício, num dos intervalos do Dia 1. “Isto é horrível! Escrever é o meu trabalho e agora tenho a sensação que o faço mal.” Foram mais ou menos estas as palavras que ouvi, num dos intervalos do Dia 3, o último. O primeiro testemunho ilustra a epifania espelhada nalguns rostos durante e depois do curso. O segundo, uma consciencialização mais profissional da importância daqueles três intensivos dias. Ambos asseguram para o futuro, mais esperança e maior qualificação.


"Sem cair no exagero dos supracitados, compreensível pela qualidade e quantidade do que se aprendeu, a conclusão básica que posso retirar é de que devia ter feito o Story há mais tempo. Digamos que o custo de oportunidade do período iniciado nesse “há mais tempo” e que terminou neste fim-de-semana, é irremediavelmente grande.

"Então o que há de tão especial em Mckee que leva a que argumentistas, jornalistas, criativos, técnicos, realizadores, actores e curiosos se juntem num auditório? É simples: that creep fuckin’ knows it.

"São três dias com um horário rígido das 9h às 20h30 a ouvir alguém que realmente sabe e consegue passar todo esse conhecimento com uma impressionante eficiência, apesar de alguns laivos de cretinice.

“O sucesso do curso ao longo de mais de duas décadas está sem dúvida no conteúdo, na forma como está estruturado e no dom de comunicação de Mckee ([o realizador Spike] Jonze acertou em cheio, porque de perfil parece mesmo que temos o Brian Cox no palco). E esqueçam Hollywood e o cinema de autor, aqui estamos a falar de storytelling, ideias, narrativa e disciplina. No compromisso e na capacidade de contarmos uma história. Não é uma fórmula, diz ele, será mais uma coluna vertebral, digo eu.

"Agora resta esperar para vermos o resultado prático em Portugal, sem dúvida mais complicado na indústria cinematográfica, por defeito, do que na ficção televisiva e na publicidade. Já estou a imaginar os membros do júri do ICA num dos próximos “concursos” de mãos na cabeça, indignados com a lata desta gente desconhecida a concorrer com argumentos com cabeça, tronco e membros. A ordem não terá que ser necessariamente esta.

"Parece que o McKee a semana passada viu o Call Girl, o Meu Querido Mês de Agosto, o Juventude em Marcha e o Alice, o único que o terá impressionado, sem ser pela negativa. Com as constantes referências elogiosas ao filme, talvez o Nuno Lopes tenha saído do Seminário mais feliz do que se confessou há dias num semanário".

Obrigado, Nuno.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostava de vos dizer que ROBERT MCKEE está de volta a Lisboa desta vez com o GENRE, dias 13, 14 e 15 de Novembro no Teatro Aberto.
Serão analisados três géneros diferentes, Thriller, Comedy e Love Story.

Para saber consultem o site www.mixree.net.

Cristina Abreu
Mixreel

Penso que uma vez mais vai valer a pena!