quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Lisboa em Festa: a Rua D. Pedro V está viva!

Não tenho paciência para o choradinho dos pequenos comerciantes de Lisboa, a soluçar sistematicamente pelo apoio da Câmara na resolução de problemas comerciais da sua própria responsabilidade. Por isso, louvo a iniciativa marginal dos bairros e das ruas de Lisboa em criar esporadicamente eventos alternativos (isto é, com horários para os moradores em vez de apenas para os que por lá passam).

É verdade que ainda não existe em Lisboa uma rua com a dinâmica cultural e empresarial da Rua Miguel Bombarda no Porto, mas será de realçar o esforço mensal do Santos Design District, dos antiquários da Rua de São Bento e, agora, do comércio local da Rua D. Pedro V, que planeia manter as portas abertas até às 23h00 dos próximos dias 6, 7, 8 e 9 de Novembro.

Lisboa é uma aldeia com pequenas aldeias, e a ilusão de grandeza pode ser o seu maior pecado capital. Prefiro assim que estas ruas desenvolvam as suas potencialidades até ao limite proporcionado pela sua geografia. First we take Manhattan...

2 comentários:

jota disse...

Subscrevo inteiramente.

Faz-me confusão o queixume permanente dos lojistas de rua que erguem as suas vozes contra os centros comerciais e grandes superfícies. Isto vindo de quem, 15 minutos antes do horário de fecho, já tem tudo arrumado para encerrar a loja. E muitas vezes ainda olham com cara de poucos amigos para o cliente incauto que ousa pôr em risco o seu regresso a casa a tempo de ver a Roda da Sorte...

Se a pressa que muitos deles têm em chegar a casa tivesse correspondência na capacidade de inventar novas formas de captar clientes, estou certo que Lisboa seria uma cidade muito mais vibrante. Quantas vezes não reparo no monte de turistas que se passeia por Lisboa aos Domingos e Sábados à tarde, a bater com a cabeça nas portas das lojas fechadas?

Ok, eu percebo que um lojista não faz a Primavera e não será fácil ter pessoal para poder funcionar 7 dias por semana, mas iniciativas com esta podem muito bem ser o abrir de olhos de que muitos precisam. Afinal, o ciclo: o negócio está mal (por isso) não tenho dinheiro para ter mais pessoal (e por isso) o negócio ainda está pior, vai ter que quebrar em algum lado. Espera-se que não seja pelo lado que termina com um sinal de “Trespassa-se” na porta...

Miguel Somsen disse...

Estimulante comentário, Jota. Gostaria de acreditar que uma andorinha ainda pode fazer a Primavera. Mas custa-me pensar nas desculpas que os comerciantes utilizam para fechar as suas chafaricas desde sábado às 13h até às 10 da manhã de 2ª feira. Será que eles não imaginam quantos turistas bateram com o nariz na sua porta?