quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Maradona


Maradona e Platini fizeram a transição do futebol artesanal que conhecíamos dos anos 70 (da qual apenas a selecção holandesa de Cruijff seria uma excepção) para o futebol moderno, sublime e colectivo que reconhecemos hoje. Sim, eles eram "a figura", mas não teriam sido ninguém se as respectivas selecções (Argentina em 86 e França em 84) não tivessem ganho nada.

É por isso que várias vezes me questiono sobre a capacidade de Cristiano Ronaldo vir a sobreviver à constante mediania da selecção do seu país, o nosso. Se ela não ganhar nada, como visivalmente nunca ganhará, que terá ele ganho afinal e no final? Mulheres? Para isso tivemos o George Best, do Manchester United, que era realmente um galã.

Mas a reforma de Platini e Maradona teve aposentos bem diferentes: Platini é hoje cabeça de cartaz na UEFA, Maradona é uma figura caricata no mundo do futebol. Platini conquistou, Maradona alienou. Platini é o diplomata onde Maradona faz a intriga: são conhecidas as suas opiniões sobre tudo e contra tudo, inclusivamente contra as opções de gestão da selecção nacional da Argentina.

Por isso, é com alguma surpresa (ou mesmo nenhuma) que Maradona é hoje anunciado como "novo seleccionador nacional da Argentina". Como é que ele conseguiu isto? Como é que ele conseguiu que aquele célebre golo, no Mundial 86, com a "mão de Deus" fosse regulamentar? A sua escolha para treinar a Argentina é, se quiserem, a mão de Deus aplicada à intriga palaciana.

Nunca voltei a ver um jogador genial tão auto-destrutivo como Maradona. Alguns são geniais, outros auto-destrutivos, mas ninguém como Maradona reuniu aqueles dois atributos. Agora que ele foi escolhido para a Argentina, é de esperar que a equipa nacional das pampas vá pelo mesmo caminho: geniais já são, mas nunca foram tão auto-destrutivos ao ponto de escolherem um tipo como Maradona para os treinar.

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