A única informação relevante que eu tenho para apresentar esta semana é um pedido de desculpas formal pelo modo como tenho tratado os fiéis leitores do jornal Metro no Porto durante estes anos. Do pouco que sei, o Metro tem uma versão lisboeta e outra portuense. Infelizmente, não tem duas versões de cronistas. O que significa que os desgraçados do Porto são obrigados a levar com as graçolas do idiota que aqui escreve às sextas – e escreve repetidamente sobre as coisas mais bizarras que se passam em Lisboa, sejam túneis, graffitis, fórmula 1 na Avenida da Liberdade ou o Santana Lopes à frente da Câmara Municipal.
Acredito que na base do projecto do jornal Metro em Portugal, a ideia fosse convidar intelectuais esclarecidos capazes de escrever com brilhantismo sobre o país e o mundo. Tiveram azar, saí-lhes eu na rifa. Eu não sei nada sobre o país e o mundo que o resto do país e do mundo não saibam já: a terra é plana, o sol gira à volta do meu umbigo e o FC Porto acaba sempre em primeiro lugar. Mas há uma diferença: embora eu viva em Lisboa, vivo perto do primeiro comboio que segue para o Porto. Portanto, sei quase tanto do Porto como de Lisboa. Mas quanto? O suficiente para perceber quando é que estou a ser enganado por um taxista que me leve de Campanhã para o Hotel Infante Sagres através de um “atalho” pelo Campo Alegre via Circunvalação (basta procurar os sinais que dizem “Espanha 30 km” para começar a desconfiar).
O que me chateia nos lisboetas é a sua sedentaridade: mais do que os preconceitos e lugares-comuns, a relação dos lisboetas com o Porto está dependente da indolência de cada um de nós (custa a acreditar que juntos possamos fundar um Movimento). Para os alfacinhas, Cascais é estrangeiro, Vila Franca de Xira é 3º mundo e a margem sul, enfim, “jamais”. O lisboeta vai de carro da Bica para o Incógnito, dez metros mais abaixo, portanto não lhe podemos exigir grande esforço. E, claro, nenhum lisboeta vai ao Porto, nem que o DJ Kitten ou o actor Nuno Lopes façam striptease no Pitch ou Passos Manuel. Para os lisboetas, Porto é estrangeiro, mas não suficientemente estrangeiro para justificar esforço em reservar voo low-cost com três meses de antecedência.
No Porto, todos são da casa – para o melhor e o pior. Na estação de Campanhã, ninguém nos pede autógrafos. O taxista trata-nos com um desdém nacional indiscriminado, sejamos adeptos do Gondomar ou do Benfica. Os portuenses não são nem mais giros, nem mais morenos, nem mais porreiros que os lisboetas. O risco de ser bem recebido no Armazém do Chá é tão grande como o de levar um enxerto de porrada nas Galerias de Paris (apenas porque se pediu autorização à gerência para fotografar o espaço para uma revista de viagens). Portanto, o Porto é igual a Lisboa? Era o que faltava! As miúdas do Porto não são iguais a nada jamais visto (ou jamais visto pelos lisboetas). Mas isso é algo que apenas os leitores do Metro do Porto poderão compreender.
Acredito que na base do projecto do jornal Metro em Portugal, a ideia fosse convidar intelectuais esclarecidos capazes de escrever com brilhantismo sobre o país e o mundo. Tiveram azar, saí-lhes eu na rifa. Eu não sei nada sobre o país e o mundo que o resto do país e do mundo não saibam já: a terra é plana, o sol gira à volta do meu umbigo e o FC Porto acaba sempre em primeiro lugar. Mas há uma diferença: embora eu viva em Lisboa, vivo perto do primeiro comboio que segue para o Porto. Portanto, sei quase tanto do Porto como de Lisboa. Mas quanto? O suficiente para perceber quando é que estou a ser enganado por um taxista que me leve de Campanhã para o Hotel Infante Sagres através de um “atalho” pelo Campo Alegre via Circunvalação (basta procurar os sinais que dizem “Espanha 30 km” para começar a desconfiar).
O que me chateia nos lisboetas é a sua sedentaridade: mais do que os preconceitos e lugares-comuns, a relação dos lisboetas com o Porto está dependente da indolência de cada um de nós (custa a acreditar que juntos possamos fundar um Movimento). Para os alfacinhas, Cascais é estrangeiro, Vila Franca de Xira é 3º mundo e a margem sul, enfim, “jamais”. O lisboeta vai de carro da Bica para o Incógnito, dez metros mais abaixo, portanto não lhe podemos exigir grande esforço. E, claro, nenhum lisboeta vai ao Porto, nem que o DJ Kitten ou o actor Nuno Lopes façam striptease no Pitch ou Passos Manuel. Para os lisboetas, Porto é estrangeiro, mas não suficientemente estrangeiro para justificar esforço em reservar voo low-cost com três meses de antecedência.
No Porto, todos são da casa – para o melhor e o pior. Na estação de Campanhã, ninguém nos pede autógrafos. O taxista trata-nos com um desdém nacional indiscriminado, sejamos adeptos do Gondomar ou do Benfica. Os portuenses não são nem mais giros, nem mais morenos, nem mais porreiros que os lisboetas. O risco de ser bem recebido no Armazém do Chá é tão grande como o de levar um enxerto de porrada nas Galerias de Paris (apenas porque se pediu autorização à gerência para fotografar o espaço para uma revista de viagens). Portanto, o Porto é igual a Lisboa? Era o que faltava! As miúdas do Porto não são iguais a nada jamais visto (ou jamais visto pelos lisboetas). Mas isso é algo que apenas os leitores do Metro do Porto poderão compreender.
(Publicado no Jornal METRO de 30 de Janeiro 2009)
3 comentários:
Lindo, pronto. Lindo.
E vou 'levar'...
One simply must spread the word around!
Miguel, é um prazer tê-lo no meu pc via blogue em vez de ter de o procurar no metro :)
abraço
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